1.6.07

Falsidades veiculadas pela TV Globo

NOTA PÚBLICA
COMUNIDADE REMANESCENTE DE QUILOMBO SÃO FRANCISCO DO PARAGUAÇU
Cachoeira, Bahia.
As falsidades veiculadas pelo Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão no dia 14 de maio deste ano "Crime no quilombo? suspeitas de fraude e extração de madeira de Mata Atlântica" repetem na história o que significou o 14 de maio de 1888 para a população negra no Brasil, dia seguinte à abolição oficial da escravatura. O dia 14 daquela época significou o acirramento das relações escravistas, da violência racial contra negras e negros, e a tentativa de exterminá-la através de inúmeras medidas de exclusão e apartheid, dando continuidade ao processo de exclusão social e criminalização da população negra.
Passados cem anos continuamos a assistir às práticas racistas, novamente a covardia daqueles que atacam as comunidades negras utilizando as estruturas poderosas de dominação se manifesta através da veiculação de uma reportagem fraudulenta e tendenciosa, sem oferecer a comunidade nenhuma oportunidade para se defender. Nossa comunidade assistiu a reportagem exibida no Jornal Nacional da Rede Globo com profunda indignação diante da atitude racista expressa na má fé e na falta de ética de um meio de comunicação poderoso que está submetido a interesses perversos e tenta esmagar uma comunidade negra historicamente excluída.
Já esperávamos por esta reportagem, pois fomos testemunhas do teatro que foi armado por ocasião das filmagens, onde boa parte da comunidade envolvida na luta pela regularização do território quilombola nem sequer foi ouvida, visto que a equipe de reportagem se recusou a registrar qualquer versão contrária aos interesses dos fazendeiros, cortando falas e utilizando de métodos persuasivos, já que demonstrou expressamente o objetivo de manipular e deturpar a realidade, inclusive . Tentamos conversar com os prepostos da TV Bahia, filial da rede Globo, mas fomos ignorados. Logo vimos a vinculação da reportagem com os poderosos locais que tentam explorar nossa comunidade.
Diante deste sentimento de indignação com a reportagem fraudulenta exibida hoje vimos a público divulgar as verdades que Globo não divulga:
Historicamente, nossa comunidade ocupa este território. Os relatos dos mais idosos remetem nossa presença a muitas gerações. Ali sempre praticamos um modo de vida fruto de uma longa tradição deixada por nossos ancestrais. Extraímos da Floresta a Piaçava, o Dendê, a Castanha, e tantos outros produtos. Extraímos tantos tipos de cipós diferentes que usamos para fazer cofos, cestos e tantos outros artesanatos aprendidos com nossos avós. Nós amamos a floresta e a defendemos. Nossa luta para defender a floresta causa a ira de poderosos interesses que desejam o desmatamento para a grande criação de gado que cresce no recôncavo. Estamos decepcionados com a falta de dignidade do jornalista que expôs seu nome numa reportagem fraudulenta, pois as imagens do desmatamento de madeira apresentado na reportagem não foi filmada em nossa comunidade, sendo que a pessoa flagrada no corte de madeiras não pertence a comunidade de São Francisco do Paraguaçu, confirmando a manipulação dolosa, visto que as falas foram cortadas e editadas com o objetivo de transmitir uma mensagem mentirosa e caluniosa. Perguntamos aos responsáveis pela matéria: Por que não relataram as vultosas multas não pagas ao IBAMA pelos fazendeiros? Por que não mostraram os mangues cercados que inviabilizam a sobrevivência da comunidade?
Desta maneira, os poderosos que nos oprimem preferem partir para a calúnia, fraude e abuso do poder econômico. Tentam assim, dissimular já que sabem da força da verdade e do nosso direito. O Sr. Ivo, que aparece na reportagem, se diz dono da nossa área é um médico com forte influência política na região, à Frente de seus interesses está o seu Genro, conhecido como Lú Cachoeira, filho de um ex-prefeito e eterno candidato a prefeito. Lu Cachoeira tem um cargo de confiança no Governo do Estado como assessor especial na CAR (Coordenação de Ação Regional) e utiliza sua influência política para perseguir a comunidade. Esta família poderosa tem feito várias investidas contra a comunidade utilizando, inclusive, capangas, pistoleiros, ameaçando a comunidade, violentando crianças, perseguindo idosos, inclusive, utilizando métodos torpes refletidos nas ações violentas de policiais militares não fardados a serviço da família Santana que pode ser comprovado através de relatório da Polícia Federal que já teve diversas vezes na comunidade para nos defender.
Imbuídos do sentimento de justiça não podemos compactuar com atitudes que visam reverter as conquistas democráticas de reconhecimento de direitos da população negra, um verdadeiro afronte aos artigos 215, 216 e o artigo 68 das Disposições Transitórias da Constituição Federal. O povo negro e as comunidades quilombolas cientes de que o caminho de reparação das injustiças raciais é irreversível e que o direito constitucional à propriedade de seus territórios tradicionalmente ocupados é uma conquista da democracia brasileira, não sucumbirá aos interesses poderosos que durante toda história do Brasil promoveu atitudes autoritárias e de desrespeito ao Estado Democrático de Direito.
Lamentamos a covardia daqueles que usam o poder da mídia e do dinheiro para oprimir e perseguir comunidades tradicionais. Já estamos acostumados com esta prática perversa. Nosso povo resistiu até aqui enfrentando o peso da escravidão. FIÉIS A NOSSOS ANCESTRAIS, CONTINUAREMOS FIRMES, DE PÉ, LUTANDO PELA LIBERDADE!
Pela vergonhosa manipulação dos fatos e depoimentos,QUEREMOS DIREITO DE RESPOSTA E QUE O INCRA E A FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES SE PRONUNCIEM.
Salvador, 15 de maio de 2007
Comunidade São Francisco do Paraguaçu

3 comentários:

Unknown disse...

ESCLARECIMENTOS

A COMISSÃO DOS MORADORES DO SÃO FRANCISCO DO PARAGUAÇU, eleita por aclamação pela Comunidade em reunião realizada em 04 de julho de 2007 através de votação aberta ,contando com a presença de 230 representantes residentes , representada pelos Srs. José Nélio Garcia dos Santos, Celidalva de Jesus Moisés, Elissandra dos Santos Ribeiro ,Adriano Sanches , João Antunes Ramos, Elisabete Batista Souza , Elenita Oliveira de Jesus ,Francisco Garcia do Nascimento , Eliete Souza, Ivonilde da Cruz Soares, Rosenilda Santana , vem registrar a sua indignação contra os resultados divulgados pela Fundação Cultural Palmares sob a conclusão dos trabalhos da Comissão de Sindicância criada através da Portaria 58 de 10 de julho de 2007 , desmentido veemente os resultados divulgados com base nos fatos conforme passa a expor :

Em 25 de maio de 2005 foi instaurado junto à Fundação Cultural Palmares – FCP, o processo administrativo, tombado sob o nº 01420.001.070/2005-10, com o intuito de obter a certidão de auto-reconhecimento da comunidade negra rural de São Francisco do Paraguaçu, localizada na Bacia do Iguape, município de Cachoeira/BA, como comunidade de remanescente de Quilombo, o que foi deferido em 17/06/2005, emitindo-se, pois a respectiva certidão.

Ocorre que, após mais de dois anos da emissão de tal documento, os moradores e integrantes da comunidade de São Francisco do Paraguaçu descobriram que foram vitimas de uma grande fraude praticada por alguns dos moradores da Comunidade filiados a Associação de Remanescentes de Quilombo de São Francisco do Paraguaçu, Amantes da Terra, que tem como coordenadores os Senhores : Anselmo Ferreira , Altino da Cruz, Maria das Dores de Jesus Correira, Crispim " Rabicó " , Roseni Santana de Jesus e outros . A Fraude consistiu na assinatura de documento integrante do reconhecimento da comunidade de remanescente de quilombos . Enganados, pensando tratar-se de um "abaixo-assinado" para solicitar financiamento para aquisição de novos barcos de pesca e para doação de cestas básicas para a comunidade, tiveram suas assinaturas utilizadas indevidamente incluídas no documento enviado a Fundação Cultural Palmares integrante da solicitação de reconhecimento como remanescente de quilombo.

Ademais, jamais tiveram conhecimento da existência de qualquer quilombo ou outro foco de resistência negra que tenha ocorrido em São Francisco do Paraguaçu , qualquer informação sobre o assunto através herança oral .

Tais fatos foram trazidos à baila após a reportagem exibida pelo Jornal Nacional edição do dia 14 e 15/05/2007.

Em 11 de julho de 2007 a Fundação Cultural Palmares publicou a Portaria nº 58/2007, determinando a instauração de Sindicância Administrativa, para apurar as denúncias de irregularidades no procedimento de expedição da Certidão de Auto-reconhecimento da Comunidade de São Francisco do Paraguaçu – Bahia.

Em 05 de setembro deste ano, a Comissão dos moradores de São Francisco do Paraguaçu, protocolou em diversos órgãos públicos estaduais e federais, noticias crime , contra os lideres do movimento de remanescente de quilombos de São Francisco do Paraguaçu, alegando a falsidade ideológica e o uso indevido dos nomes de muitos moradores dessa localidade , conseguindo inclusive um instrumento jurídico para estancar imediatamente o processo de reconhecimento desta comunidade como remanescente de quilombos perante ao INCRA até a apuração dos fatos denunciados.

Em 13 de outubro de 2007, com a presença da referida Comissão de Sindicância da FCP em São Francisco do Paraguaçu, os moradores, como forma de dar vozes a sua indignação, compareceram a praça de São José , tentando serem ouvidos , requerendo uma reunião com os integrantes da CSFP, como também a ouvida de diversos moradores que tiveram seus nomes utilizados indevidamente no processo da Fundação Palmares .

Foram 125 pessoas que estiveram na Praça São José, em SFP, que por horas aguardaram serem ouvidos pela comissão da FCP, para ao final, depois da negativa, promover uma manifestação em uma só voz exigindo seus direitos e o cancelamento da certidão de reconhecimento como remanescente de quilombos.

Apenas porque o interessado exigiu a presença de lideranças da Comunidade esta foi autorizada a ouvir a entrevista do Sr. Eronildes da Rosa , de 84 anos , quando pode constatar a forma aplicada de perguntas capciosas induzindo respostas esperadas , inclusive perguntas que nada tinham haver com o propósito das investigações .

Acontece que os representantes da Fundação Palmares proibiram os registros das entrevistas de forma gravada, induziram as respostas pessoas idosas e trataram de forma grosseira os moradores e interessados, que não desejam autodeclarar-se remanescentes de quilombos.

Por fim foram negados todo e qualquer acesso aos depoimentos dos supostos quilombolas, que foram ouvidos a portas fechadas em local desconhecido pelos moradores da Comunidade. Soube-se depois que os mesmos foram ouvidos coletivamente.

Rejeitaram inclusive receber a ata de constituição da Comissão de Moradores representando 230 pessoas e ameaçaram os moradores que não fornecessem depoimento em serem intimados pela Policia Federal.

Sendo assim, além de comunicar que os trabalhos da Fundação Palmares não foram realizados com lisura, legalidade, que o processo de São Francisco do Paraguaçu é fraudulento, que desconhecemos o trabalho de 45 dias realizados pela FCP e que não estamos ligados a latifundiários. Divulgamos algumas das provas e indícios das irregularidades envolvendo o processo de reconhecimento de quilombo em São Francisco do Paraguaçu, ocultado pela FCP, que podem ser acessados através do endereço do Blog da Comissão de Moradores de São Francisco do Paraguaçu endereço http://falsosquilombos.blogspot.com .

Não vamos entregar as nossas casas a uma Associação desconhecida , não somos quilombolas, somos Brasileiros e São Franciscanos!

Reafirmamos que o processo de reconhecimento da Comunidade de São Francisco do Paraguaçu encontra-se suspenso no INCRA, uma vez que dispomos de instrumento jurídico que apontam as diversas irregularidades praticadas pelos órgãos envolvidos.

Contatos com a Comissão de moradores de São francisco do Paraguaçu : 71 96053222 e-mail : cmsparaguacu@gmail.com

Jos é Nélio Garcia Santos Elisabete Batista Souza

Elissandra dos Santos Ribeiro Adriano Sanches

João Antunes Ramos Helenita Oliveira de jesus

Francisco Garcia do Nascimento

Contatos com a comissão de Moradores : cmsparaguaçu@yahoo.com.br

Anônimo disse...

a tv globo sempre mentiu ate para minha mae mentiu e deixou eu sozinho com minha mae jose marinho nao presta e canalha

Anônimo disse...

necessario verificar:)