22.12.07

Sonho: a transposição

Presidente. A transposição do rio São Francisco parece concreta em seu governo. Seja sincero: amenizará a sede dos pobres do semi-árido?
Resposta: Pode não amenizar para todos. Mas é uma obra faraônica e marcará este governo que logo passará.
Presidente. Então o bispo Luís Cappio tem razão em seus questionamentos?
Resposta: Pode ter, mas não poderia ceder. Politicamente ganhei as eleições com campanhas de que transporia o rio e assim farei. Ficarei para a história. Imagine só o tamanho da obra. É gigantesca.
Presidente. Não corre-se o risco do rio beneficiar as famílias com melhores poderes aquisitivos e concentrar a terra nas mãos de algumas famílias em detrimento da maioria delas, uma vez que a maioria do nordeste ficará sem ser beneficiado pelas águas do São Francisco?
Resposta: É possível. Mas o que podemos fazer? Faremos a obra e a colocaremos à disposição do povo da região. Agora, se a água transposta e as terras que a margeia forem concentradas, o que posso fazer?
Presidente. Mas se é possível prevê situações como está, por que continuar uma obra de milhões de reais, sabendo-se que incentivará a concentração agrária em prejuízo da população pobre?
Resposta: Dividendos políticos e promessa de campanha. Não posso deixar de fazer, mesmo sabendo que a água pode evaporar e em futuro não muito distante o rio fictício (transposição) for assoreado e os investimentos terem sido evaporados ou assoreados juntos.
Presidente. Não seria mais lucrativo executar os projetos de cisternas apresentados por entidades e instituições de alto reconhecimento nacional e internacional?
Resposta: Seria, mas convínhamos. Que ganhos políticos eu levarei com cisternas? Não ficarei para a história. Outra Brasília não posso fazer. Outra ponte Rio-Niterói não posso construir. O Corcovado já foi erguido. Já comprei o avião presidencial. Agora que estou transpondo o rio São Francisco, me malham, inclusive com um bispo que fez greve de fome. Como ficarei para a história se não o transpor? Não quero ficar como aquele que perdeu a CPMF para os senadores. Deixarei uma grande obra: a transposição, custe o que custar.
Presidente. Mas no mundo real, apenas 4% da água transposta serão destinados ao consumo humano, em uma área equivalente a apenas 6% da região semi-árida. Não é um investimento muito alto para beneficiar uma percentagem muito baixa da população e de terra de toda a região semi-árida?
Resposta: Mas o que você quer que eu faça? Já não estará bom? São 6% que ficarão me elogiando e ainda irei para a história com a transposição. Os demais 94% ficarão com a esperança de que serão beneficiados. E as pessoas precisam de esperança para viver, mesmo que não sejam beneficiados diretos. E mesmo não sendo, elas me elogiarão pelo que fiz para beneficiar 6% e se sentirão indiretamente beneficiadas. O nordestino é assim. Sente-se beneficiado quando o outro é beneficiado. Eu sou de lá e sei disso. Vivia de esperança.
Presidente. Construir 10 milhões de cisternas é mais proveitoso politicamente e desconcentra a água ajudando a todos os nordestinos com a metade dos investimentos que atualmente estais aplicando. Não acha?
Resposta: Seria, mas não dá ibope.
Presidente. Mas as cisternas ficarão na metade do preço da transposição. Isto já não o deixaria para a história, vez que estão orçadas em R$ 3,6 bilhões, a metade do custo inicial da transposição do São Francisco?
Resposta: Mas não dá ibope. Não ficarei para a história.
Presidente. Parece-me que as a transposição interessa muito mais ao agronegócio que aos pobres do nordeste. Não estariam os verdadeiros necessitados sendo prejudicados?
Resposta: Estariam. Mas não são as cisternas e sim a transposição que me fará ser lembrado no futuro.
Presidente. Se dom Luis Cappio não tivesse encerrado a greve de fome e viesse a falecer o senhor não ficaria com remórcio?
Resposta: Faz parte do jogo democrático e político.
Presidente. Sou nordestino como Vossa Excelência e...
.
... Nisso o relógio despertou e eram 06h30min., da manhã de hoje, sábado. Percebi que eu estava sonhando conversando com Lula e a conversa encerrou-se bruscamente. Pensei que o convenceria da não transposição... Que pena... Meus conterrâneos continuarão sofrendo as conseqüências das políticas faraônicas.
Elias Brandão

10.12.07

Juiz federal jurado de morte

Odilon de Oliveira, de 56 anos, estende o colchonete no piso frio da sala, puxa o edredom (foto abaixo) e prepara-se para dormir ali mesmo, no chão, sob a vigilância de sete agentes federais fortemente armados. Oliveira é juiz federal em Ponta Porã, cidade de Mato Grosso do Sul na fronteira com o Paraguai e, jurado de morte pelo crime organizado, está morando no fórum da cidade. Só sai quando extremamente necessário, sob forte escolta. Em um ano, o juiz condenou 114 traficantes a penas, somadas, de 919 anos e 6 meses de cadeia, e ainda confiscou seus bens. Como os que pôs atrás das grades, ele perdeu a liberdade. ‘A única diferença é que tenho a chave da minha prisão.’
Traficantes brasileiros que agem no Paraguai se dispõem a pagar US$ 300 mil para vê-lo morto. Desde junho do ano passado, quando o juiz assumiu a vara de Ponta Porã, porta de entrada da cocaína e da maconha distribuídas em grande parte do País, as organizações criminosas tiveram muitas baixas.Nos últimos 12 meses, sua vara foi a que mais condenou traficantes no País. Oliveira confiscou ainda 12 fazendas, num total de 12.832 hectares, 3 mansões - uma, em Ponta Porã, avaliada em R$ 5,8 milhões - 3 apartamentos, 3 casas, dezenas de veículos e 3 aviões, tudo comprado com dinheiro das drogas. Por meio de telefonemas, cartas anônimas e avisos mandados por presos, Oliveira soube que estavam dispostos a comprar sua morte.
’Os agentes descobriram planos para me matar, inicialmente com oferta de US$100 mil.’ No dia 26 de junho, o jornal paraguaio Lá Nación informou que a cotação do juiz no mercado do crime encomendado havia subido para US$ 300 mil. ‘Estou valorizado’, brincou. Ele recebeu um carro com blindagem para tiros de fuzil AR-15 e passou a andar escoltado. Para preservar a família, mudou-se para o quartel do Exército e em seguida para um hotel. Há duas semanas, decidiu transformar o prédio do Fórum Federal em casa.
‘No hotel, a escolta chamava muito a atenção e dava despesa para a PF.’ É o único caso de juiz que vive confinado no Brasil. A sala de despachos de Oliveira virou quarto de dormir. No armário de madeira, antes abarr otado de processos, estão colchonete, roupas de cama e objetos de uso pessoal. O banheiro privativo ganhou chuveiro. A família - mulher, filho e duas filhas, que ia mudar para Ponta Porã, teve de continuar em Campo Grande. O juiz só vai para casa a cada 15 dias, com seguranças. Oliveira teve de abrir mão dos restaurantes e almoça um marmitex, comprado em locais estratégicos, porque o juiz já foi ameaçado de envenenamento. O jantar é feito ali mesmo. Entre um processo e outro, toma um suco ou come uma fruta. ‘Sozinho, não me arrisco a sair nem na calçada.’
Uma sala de audiências virou dormitório, com três beliches e televisão. Quando o juiz precisa cortar o cabelo, veste colete à prova de bala e sai com a escolta. ‘Estou aqui há um ano e nem conheço a cidade.’ Na última ida a um shopping, foi abordado por um traficante. Os agentes tiveram de intervir. Hora extra. Azar do tráfico que o juiz tenha de ficar recluso. Acostumado a deitar cedo e levantar de madrugada, ele preenche o tempo com trabalho. De seu ‘bunker’, auxiliado por funcionários que trabalham até alta noite, vai disparando sentenças.
Como a que condenou o mega traficante Erineu Domingos Soligo, o Pingo, a 26 anos e 4 meses de reclusão, mais multa de R$ 285 mil e o confisco de R$ 2,4 milhões resultantes de lavagem de dinheiro, além da perda de duas fazendas, dois terrenos e todo o gado. Carlos Pavão Espíndola foi condenado a 10 anos de prisão e multa de R$ 28,6 mil. Os irmãos , condenados respectivamente a 21 anos de reclusão e multa de R$78,5 mil e 16 anos de reclusão, mais multa de R$56 mil, perderam três fazendas. O mega traficante Carlos Alberto da Silva Duro pegou 11 anos, multa de R$82,3 mil e perdeu R$ 733 mil, três terrenos e uma caminhonete. Aldo José Marques Brandão pegou 27 anos, mais multa de R$ 272 mil, e teve confiscados R$ 875 mil e uma fazenda.
Doze réus foram extraditados do Paraguai a pedido do juiz, inclusive o ‘rei da soja’ no país vizinho, Odacir Antonio Dametto, e Sandro Mendonça do Nascimento, braço direito do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. ‘As autoridades paraguaias passaram a colaborar porque estão vendo os criminosos serem condenados.’ O juiz não se intimida com as ameaças e não se rende a apelos da família, que quer vê-lo longe desse barril de pólvora. Ele é titular de uma vara em Campo Grande e poderia ser transferido, mas acha ‘dever de ofício’ enfrentar o narcotráfico. ‘Quem traz mais danos à sociedade é mega traficante. Não posso ignorar isso e prender só mulas (pequenos traficantes) em troca de dormir tranqüilo e andar sem segurança.’
Fotos e texto recebido por e-mail

26.11.07

Conselheiro avalia Conferência de DH do Paraná

O Conselheiro Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente do Paraná, João Vitor Cruzoletto, avaliou a VII Conferência Estadual dos Direitos Humanos do Paraná, realizada nos dias 19 e 20 de outubro de 2007 e observa falhas imperdoáveis desde a abertura. Eis a íntegra do relato:

VII CONFERÊNCIA ESTADUAL DOS DIREITOS HUMANOS
Data: 19 e 20/10/2007
Local: Faculdade Internacional de Curitiba – FACINTER.

João Vitor Cruzoletto
Conselheiro Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente

BREVE RELATO SOBRE A VII CONFERÊNCIA ESTADUAL DOS DIREITOS HUMANOS

A VII Conferência Estadual dos Direitos Humanos, elaborada e desenvolvida pelo Conselho Permanente dos Direitos Humanos do Estado do Paraná – COPED/PR, em parceria com a Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania – SEJU, teve por objetivo inicial (em teoria, ao menos) discutir a efetivação e garantia dos direitos humanos no Estado do Paraná. No entanto, ficou além e aquém das discussões e reflexões primordiais sobre os direitos e suas garantias. Uma prova desta falta de comprometimento com os direitos humanos por parte dos idealizadores da Conferência foi logo verificada no primeiro dia, sexta-feira à noite (19/10), na abertura do evento. Discutir com quem a garantia e efetivação dos direitos humanos no Paraná? Não havia representantes dos movimentos sociais. Onde estavam os representantes dos movimentos Sem Terra, Indígena, ambientalistas, dentre outros movimentos de suma importância na luta da garantia de direitos? Vi apenas uma pequena e tímida representação do movimento negro. Busquei então observar se os representantes dos conselhos de direitos estaduais (da Criança e do Adolescente, Segurança Alimentar, da Assistência...) estavam presentes, e para minha surpresa havia somente alguns conselheiros. A abertura do evento teve início com a composição da mesa, formada pelo presidente do COPED e então secretário de Estado da Justiça e Cidadania, pelo vice-presidente do COPED, por 2 (dois) parlamentares, um federal e outro estadual, e outras autoridades. Após suas falas, o presidente do COPED e os parlamentares foram embora, alegando compromissos de igual teor. Logo, uma pergunta me veio: Qual compromisso seria mais importante do que uma Conferência Estadual dos Direitos Humanos, sendo eles representantes diretos da população paranaense? Com a mesa desfeita, deu-se início as discussões, ou melhor, a uma única discussão, a institucionalização de uma Defensoria Pública no Estado do Paraná. As reflexões e discussões sobre os direitos humanos se limitaram a defesa ferrenha da Defensoria Pública no PR. Perguntei-me: E a questão do direito a alimentação, ao estudo, a moradia, à saúde, ao trabalho, ao esporte e lazer? Não que o trabalho dos defensores públicos não seja de suma importância, mas podemos limitar uma Conferência de Direitos Humanos a somente esta discussão? A meu ver, não. Depois de um relato (uma pequena história) contado por um dos palestrantes – defensor público, auto-intitulado “Dr. dos pobres” (alguma coisa assim, não lembro bem o termo utilizado por ele, mas soa de igual teor), logo vi que tratariam os direitos humanos como benefícios.
Minhas suspeitas se concretizaram no segundo dia do evento (20/10), logo pela manhã. Iniciado as atividades, o vice-presidente do COPED disse que havia duas notícias para os participantes da Conferência, uma boa e a outra ruim. A ruim era que os participantes não teriam seus almoços pagos, conforme estabelecido no cronograma, devido a problemas de licitação com os restaurantes de Curitiba. A boa era que, para compensar a falta de almoço, os cafés-da-manhã e da tarde seriam reforçados. Os participantes manifestaram-se contra e insatisfeitos com a situação exigiram uma solução para a problemática exposta. Então, surgiu uma idéia “brilhante e magistralmente assistencialista” de um dos membros do COPED: “Vamos passar uma lista e quem realmente não puder pagar seu almoço, nós pagaremos”. Depois desta “sublime” idéia, fui embora e decidi por não ficar mais na Conferência, pois estava decepcionado e indignado com tanto descaso com os direitos humanos no Paraná.

18.11.07

Dia nacional da consciência negra

20 DE NOVEMBRO – DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA
*O Dia da Consciência Negra foi pensado como uma resposta do movimento negro,a comemoração da farsa da abolição da escravidão com a "Lei Áurea", realizada oficialmente em 13 de maio de 1888. O 20 de novembro, escolhido para a comemoração do *Dia da Consciência Negra*, refere-se a data da morte de Zumbi dos Palmares.
A idéia do dia 20 de novembro como o Dia da Consciência Negra foi proposto pelo movimento negro do Rio Grande do Sul. E agora em 2007, faz 36 anos de realização do Dia da Consciência Negra pelos movimentos negros de todo o Brasil.
A idéia de uma consciência negra ganha força nas décadas de 1980 e 90 com a consolidação do movimento negro, que lutava/luta para derrubar o estigma negativo imposto pelas elites coloniais e republicanas do Brasil, durante esses 507 anos de exploração.
Positiva-se, então, expressões da cultura negra, como as religiões de matriz africana, o vocabulário, a alimentação, dentre outras, tendo um certo cuidado para não folcloriza-los, mas sim, lhes atribuindo um sentido político, reivindicados como fatores pertencentes a essas identidades. Com a "abertura política" do Brasil, o movimento negro percebe, o que o Antropólogo Alfredo Wagner (em 2006) reconhece como "condições de possibilidade", ou seja, um momento específico propício para o encaminhamento de reivindicações básicas dos grupos sociais ou povos na constituinte de 88.
Mobilizados entorno de identidades coletivas, como as associações quilombolas, de religiões de matriz africana, de capoeira e outras organizações que se articulam no âmbito dos movimentos sociais. Que nas décadas supracitadas ganharam visibilidade.
Atualmente, o Dia da Consciência Negra, refletem as grandes lutas contemporâneas do movimento negro na sociedade brasileira, objetivando outras "condições de possibilidade", com a implantação da Secretaria Especial de Política e Promoção da Igualdade Racial-SEPPIR.
Portanto, encaminhando reivindicações que visam à consolidação de políticas afirmativas, como a "lei de cotas" e o "Estatuto da Igualdade Racial", ambos em tramitação. Mas do que comemoração e festividades folcloristas, o Dia da Consciência Negra, é pautado pela solidificação da luta de negros e negras pela justiça social.
No Amazonas realizar-se-á a Semana da Consciência Negra, com abertura oficial dia 19 de novembro, na FSDB, realizada pelo Depart. de Serviço Social em parceria com o Fórum Permanente Afro-descendente do Amazonas-FOPAAM, terão ainda no decorrer da semana outras atividades, como a Semana da Consciência Negra da UNINORTE e o Seminário de Diversidade Étnico-racial, realizado em parceria pela SEMED, SEDUC e FOPAAM.
Este último em especial, visa discutir a implementação no Amazonas, da lei 10.639, de dezembro de 2003 do governo federal, que torna obrigatório nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, público e privado, o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira, cujo conteúdo programático prevê "o estudo da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional".
Texto: Emmanuel de Almeida Farias Júnior – Antropólogo e membro do Fórum Permanente Afro-descendente do Amazonas-FOPAAM.

13.11.07

Semana Zumbi dos Palmares

De 16 a 23 de novembro de 2007

REALIZAÇÃO:

ASSESSORIA DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL
ASSOCIAÇÃO UNIÃO E CONSCIÊNCIA NEGRA DE MARINGÁ
CENTRO CULTURAL JHAMAYKA
INSTITUTO DE MULHERES NEGRAS ENEDINA ALVES MARQUES

P R O G R A M A Ç Ã O

Dia 16/11 ( Sexta-feira)
20:00 horas – Cerimonial de Abertura das Festividades da "Semana Zumbi dos Palmares"
Presença de Autoridades políticas, empresariais, religiosas e comunidade
Apresentação do Coral Bocaloca e atividades culturais
Fala da Assessora de Promoção da Igualdade Racial
Palestrante: Professor e Advogado Alaor Gregório de Oliveira, com o tema: "Síntese da trajetória do Movimento Negro em Maringá"
Local: Sala Joubert de Carvalho (Biblioteca Pública)

Dia 17/11 ( Sábado)
20: 00 horas
Exibição de Filme Étnico - racial seguido de debate
Local: Plenário Dr. Horácio Raccanello Filho na Câmara Municipal de Maringá (Plenarinho)

Dia 18/11 (Domingo)
08:15 horas – Abertura com o Grupo de Dança Afro Sim, do Colégio Unidade Pólo de Ensino .
Mesa Redonda sob a coordenação da Profª. Aracy Adorno Reis, Presidente do Instituto de Mulheres Negras Enedina Alves Marques.
Palestrantes: Socióloga Sirlene Silva, e Profª. Especialista Maria Auxiliadora Teixeira de Barros, com o tema: "Mulheres Negras Fazem a História"
Professor de História e Especialista em Culturas Africanas Jairo de Carvalho, com o tema:
"Zumbi e Palmares: alvorada da liberdade"
Professor e Advogado Alaor Gregório de Oliveira, com o tema: " João Cândido e a Revolta da Chibata".
Local: Sesc

14:00 horas – Apresentação do grupo mirim de percussão Batuke Novo do Centro Cultural Jhamayka
Roda de Capoeira com as Crianças do Projeto Katinguele Capoeira - Contra-Mestre Pinaúna
Hip Hop, Grupo Raça de Capoeira, Street Dance, Desfile Afro
Local: Praça Zumbi dos Palmares – Conjunto João de Barro I / Santa Felicidade

19: 30 horas - Missa Afro, celebração com o Padre Odacilio
Local: Cine Plaza (Praça Raposo Tavares)

Dia 19/11 ( Segunda-feira)
20:00 horas - Mesa redonda com o tema Cultura Afro Brasileira
Coordenadora Claudete dos Santos, Assessora de Promoção da Igualdade Racial.
Palestrantes: Prof. Ademir Felix; Paulo Sergio Francisco; Professor Faustino dos Santos; Contra-mestre Pinaúna; Mestre Xis
Local: SESC

Dia 20/11 (Terça-feira)
08:00 às 09:00h : panfletagem
Local: Terminal Urbano
08:00 às 11:30h - 13h30 às 17h30: Atividades culturais com a Rede Municipal de Ensino
Local: Cine Plaza
19:00 Horas - Entrega do Troféu Consciência Negra

Dia 21/11 ( Quarta-Feira)
20: 00 horas
Kizomba
Local: MPB Bar

Dia 22/11 (Quinta-Feira)
20:00 horas
Palestrante: Jornalista Dojival Vieira, editor da Revista Eletrônica Afropress de São Paulo, com o tema: "Estatuto da Igualdade Racial, Lei de Cotas e Feriado do 20 de Novembro"
Local: Auditório do Sinteemar

Dia 23/11 (Sexta-Feira)
19:00 horas – Encerramento da Semana Zumbi dos Palmares com atividades culturais
Local: Sala Joubert de Carvalho (Biblioteca Pública)

13.9.07

Educação em Direitos Humanos

A exposição realizada no Auditório do NUPÉLIA, na Universidade Estadual de Maringá (UEM), no dia 10 de setembro de 2007, sobre o "Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos", encontra-se no blog: http://educacaoeviolencia.blogspot.com/

Elias Canuto Brandão
visite também meu diário:

4.9.07

30 dicas para escrever bem

Autor: Professor João Pedro, da UNICAMP

  1. Deve evitar ao máx. a utiliz. de abrev., etc.
  2. É desnecessário fazer-se empregar de um estilo de escrita demasiadamente rebuscado. Tal prática advém de esmero excessivo que raia o exibicionismo narcisístico.
  3. Anule aliterações altamente abusivas.
  4. não esqueça as maiúsculas no início das frases.
  5. Evite lugares-comuns como o diabo foge da cruz.
  6. O uso de parênteses (mesmo quando for relevante) é desnecessário.
  7. Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in.
  8. Evite o emprego de gíria, mesmo que pareça nice, sacou??... então valeu!
  9. Palavras de baixo calão, porra, podem transformar o seu texto numa merda.
  10. Nunca generalize: generalizar é um erro em todas as situações.
  11. Evite repetir a mesma palavra pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A repetição da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto onde a palavra se encontra repetida.
  12. Não abuse das citações. Como costuma dizer um amigo meu: "Quem cita os outros não tem idéias próprias".
  13. Frases incompletas podem causar... (incompreensões);
  14. Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é, basta mencionar cada argumento uma só vez, ou por outras palavras, não repita a mesma idéia várias vezes.
  15. Seja mais ou menos específico.
  16. Frases com apenas uma palavra? Jamais!
  17. A voz passiva deve ser evitada.
  18. Utilize a pontuação corretamente o ponto e a vírgula pois a frase poderá ficar sem sentido especialmente será que ninguém mais sabe utilizar o ponto de interrogação.
  19. Quem precisa de perguntas retóricas?
  20. Conforme recomenda a A.G.O.P, nunca use siglas desconhecidas.
  21. Exagerar é cem milhões de vezes pior do que a moderação.
  22. Evite mesóclises. Repita comigo: "mesóclises: evitá-las-ei! "
  23. Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.
  24. Não abuse das exclamações! Nunca!!! O seu texto fica horrível!!!!!
  25. Evite frases exageradamente longas pois estas dificultam a compreensão da idéia nelas contida e, por conterem mais que uma idéia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo acessível, forçam, desta forma, o pobre leitor a separá-la nos seus diversos componentes de forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas.
  26. Cuidado com a hortografia, para não estrupar a língúa portuguêza.
  27. Seja incisivo e coerente, ou não.
  28. Não fique escrevendo (nem falando) no gerúndio. Você vai estar deixando seu texto pobre e estar causando ambigüidade, com certeza você vai estar deixando o conteúdo esquisito, vai estar ficando com a sensação de que ascoisas ainda estão acontecendo. E como você vai estar lendo este texto, tenho certeza que você vai estar prestando atenção e vai estar repassando aos seus amigos, que vão estar entendendo e vão estar pensando em não estar falando desta maneira irritante.
  29. Outra barbaridade que tu deves evitar chê, é usar muitas expressões que acabem por denunciar a região onde tu moras, carajo!... nada de mandar esse trem... vixi... entendeu bichinho?
  30. Não permita que seu texto acabe por rimar, porque senão ninguém irá agüentar já que é insuportável o mesmo final escutar, o tempo todo sem parar.

24.7.07

Esclarecimento da Cocamar

Abaixo, carta da Cocamar esclarecendo o método de apresentação de vagas da Cooperativa à comunidade, após envio de e-mail solicitando sobre as entrevistas agendadas e realizadas pelo senhor Vandré Fernando, direcionando-as a moradores de três bairros de Maringá.
"Prezado senhor Elias Canuto Brandão,
Agradecemos muitíssimo pela sua manifestação, em especial, por trazer a oportunidade para que seja mais uma vez declarado que a Cocamar repudia qualquer tipo de discriminição. A sua mensagem chama a atenção também por nos fazer refletir sobre: como controlar o conteúdo que circula na internet sem prévia autorização? Como fazer chegar a realidade ou a informação fidedigna àqueles que por uma série de fatores desconhecem as práticas da empresa
A Cocamar tem ido até a comunidade para apresentar as suas vagas, aliás, todas as terças e quintas-feiras, uma equipe da Cocamar fica de "plantão" na Agência do Trabalhador da cidade para recrutar trabalhadores. Por incrível que pareça, nem todas as pessoas têm acesso a jornais e à internet, veículos comumente utilizados para divulgação de vagas. Alguns, pasme senhor Brandão, não têm meios para dirigir-se até as empresas procurar emprego, ou estão tão desanimados com a sua situação e nem ao menos se inscrevem para a seleção. Por essas razões, a Cocamar divulga as oportunidades existentes em lugares onde o acesso à informação e a condição econômica forem restritos, até mesmo porque algumas vagas não exigem experiência ou graduação.
Ao surgirem vagas, a equipe de profissionais da cooperativa responsável pelo recrutamento e seleção, não medirá esforços para viabilizar a abertura de frentes necessárias, se deslocando até escolas, postos de saúde, auditórios, entidades assistenciais, postos da Agência do Trabalhador, nos diversos bairros e regiões, pois todos eles participam igualmente do processo.
Para finalizar, gostaríamos de convidá-lo para conhecer o nosso processo de recrutamento e seleção, ocasião em que poderemos apresentar-lhe pessoalmente as ações desenvolvidas pela Cocamar e que fazem dela, como o senhor cita na sua mensagem: "Uma empresa conceituada e respeitada nacionalmente".
Para agendar a sua visita, coloco-me à disposição, indicando o meu número de telefone direto: 44 3221-3449, para um eventual contato.
Atenciosamente.
Adriana Pierini
Desenvolvimento Humano e Social
Cocamar Cooperativa Agroindustrial"

7.7.07

INIMIGOS NÃO MANDAM FLORES

Nota pública do Movimento Nacional de Direitos Humanos
No período da ditadura militar, a pretexto do combate ao comunismo, o estado brasileiro prendeu, torturou, matou e exilou aqueles que porventura fossem contra o regime da época. Todos estes eram vistos como inimigos, sob a desculpa de que essas pessoas eram “comunistas”, e que isso representaria um perigo para a sociedade.
Nas últimas três décadas, parece que governos e segmentos significativos da sociedade escolheram a favela e os favelados como seus novos inimigos. Negros, pobres e favelados e muitas vezes aqueles que partem na defesa destes grupos sofrem com essa discriminação, numa clara demonstração de estigmatização e criminalização da pobreza e dos movimentos sociais.
É o que joga na nossa cara o atual espetáculo do real chamado “mega operação no Complexo do Alemão”. É sobre como lidamos com as diferenças e sobre como lidamos com os direitos fundamentais o que estamos tratando.
Trata-se de denunciar uma falsa divisão normalmente feita entre favela x asfalto. Favela é cidade, corresponde a uma parte importante da vida política, econômica, social e cultural. Ao insistirmos na divisão, ao aumentarmos a distância, nos tornamos mais fracos. Ao atacar a cidadania do morador de favela, a própria idéia de cidadania, de direitos básicos fundamentais, fica enfraquecida.
É o que pode ser visto diariamente, seja em muitas das políticas do estado, seja mesmo em discursos de certos segmentos da sociedade. Mais assustadora é a dimensão que tomou essa prática na já citada operação policial no Complexo do Alemão. Parece haver um triângulo de erros nesta e em outras formas de abordagem da questão da violência: em uma ponta, o apoio de certos setores da sociedade que bate palmas para ataques bélicos aos mesmos grupos armados da qual fazem uso. O outro pé do triângulo é a criminalização da pobreza e dos movimentos sociais – tal e qual, de certa maneira, ocorreu nos “anos de chumbo” acima citados. E na ponta superior, o grande efeito dessa sucessão de erros, as políticas equivocadas de segurança pública, que excedem tanto no uso da força empregada, quanto no próprio método. Uma das pontas alimenta a outra em ritmo contínuo.
O que o Movimento Nacional de Direitos Humanos vem denunciar aqui é a política por trás da técnica. A forma atual de policiamento, tornada concreta e visível pelo que se está fazendo no Complexo do Alemão, se alimenta de uma política que privilegia o confronto. Os efeitos são sentidos por todos nós, mas principalmente pelo “alvo privilegiado” dessas operações, aquelas pessoas que carregam o estigma que diz, como se fosse possível reduzir a questão, que o crime tem cor, endereço e classe social. A vítima da vez foram os cidadãos moradores do Complexo do Alemão: o saldo do espetáculo é de 76 feridos e 48 mortos, segundo dados oficiais, em mais de 60 dias de ações policiais. Há quem fale em mais de 80 mortes, muitas das quais através de execução sumária. No Brasil, a pena de morte não é aceita. Aparentemente, estamos em frente à morte sem pena, sem nem ao menos um processo judicial com chances de defesa. Somada às torturas físicas e psicológicas, o quadro pintado com cores reais é o mais desesperador possível.
Denunciar essa criminalização e essas políticas equivocadas também significa propor algo em seu lugar. No lugar de políticas de segurança que privilegiem o confronto, a compreensão do espaço de favelas como espaço de direitos. Favela é cidade, e como tal, precisa e merece das mesmas políticas públicas que outras regiões. Trata-se de lutar por uma presença integrada do estado nas favelas, articulando programas sociais com uma polícia cidadã. Em combinação a isso, ações de inteligência, prevenção e repressão das verdadeiras grandes organizações criminosas. Afinal, os moradores dessas localidades, e não só os criminosos, não costumam receber flores.
Coordenação Estadual do Movimento Nacional de Direitos humanos

29.6.07

MANIFESTANTES EM DEFESA DO RIO SÃO FRANCISCO SÃO AMEAÇADOS POR REINTEGRAÇÃO DE POSSE DO GOVERNO FEDERAL

Neste momento, mais de 1.500 pessoas ocupam o canteiro inicial das obras da Transposição do Rio São Francisco, no município de Cabrobó, PE, em defesa do Velho Chico. Depois de o Governo Federal ter fechado todas as negociações e anunciado o início das obras, e de esgotadas todas as vias de diálogo e judiciais, movimentos e entidades ocuparam o canteiro de obras em 26 de junho. Agora, centenas de indígenas, quilombolas, pescadores, ambientalistas, ativistas de direitos humanos e integrantes de movimentos de luta pela terra se vêem ameaçados por uma ação de Reintegração de Posse do Governo Federal. Contra mais essa ameaça, viemos pedir o apoio de todas e todos os parceiros na luta contra a Transposição, fundamental para garantir o sucesso da luta e a sobrevivência do São Francisco.
Desde 2005, o governo federal prometeu reabrir as discussões sobre a Transposição de forma democrática, mas nenhum passo significativo foi dado nessa direção. Embora o governo tenha criado uma comissão de negociação, nenhuma discussão foi encaminhada; assim que a última liminar que impedia as obras foi derrubada no Supremo Tribunal Federal, o Governo Federal retomou o processo de licenciamento e licitação para as obras, ignorando de forma autoritária os protestos e apelos da sociedade civil.
Diversas manifestações foram realizadas por todo o país pedindo a suspensão das obras e a abertura do diálogo, inclusive um Acampamento Nacional em Brasília no mês de março; mesmo assim, o governo mostrou-se insensível. Sem outra escolha a não ser sucumbir à estratégia desleal do Governo e desistir da luta, movimentos e entidades optaram pela radicalização como única via de salvar o rio, e ocuparam o canteiro de obras em Cabrobó na última segunda-feira.
Nem com a ocupação o governo reabriu as negociações; ao invés disso, preferiu entrar com uma Ação de Reintegração de Posse contra os manifestantes, deixando clara su a recusa em dialogar qualquer coisa com a sociedade, e mostrando qual o grau de truculência que deve utilizar para conduzir o processo.
Para evitar que seja concedida uma liminar e seja criada uma situação de conflito na região, com uma desocupação forçada, é essencial que o maior número possível de pessoas e entidades manifestem o apoio aos manifestantes, enviando a carta em anexo, por fax ou e-mail, ao gabinete do Juiz federal Georgius Luis Argentini Príncipe Tedidio:
20ª Vara Federal de Salgueiro/PE
Juiz Georgius Luis Argentini Príncipe Teditio
Tel.: (87) 3871 8100 – Fax: (87) 3871 8116 – E-mail: vara20@jf.pe.gov.br
Contamos com seu apoio e colaboração, essenciais para a vitória na defesa do Rio São Francisco!
Cabrobó, 28 de junho de 2007
MST - MPA - MMC - MAB - APOINME - MONAPE - CETA - SINDAE - CÁRITAS - CIMI - CPP - CPT - ASA - AATR - PJMP - CREA/BA - SINDIPETRO AL/SE - CONLUTAS - Federação Sindical e Democrática de Metal úrgicos do Estado de MG - Terra de Direitos - Fórum Nacional da Reforma Agrária - Rede Brasileira de Justiça Ambiental - Fórum Permanente em Defesa do Rio São Francisco / BA - Fórum de Desenvolvimento Sustentável do Norte de MG ? Fóruns de Organizações Populares do Alto, Médio, Submédio e Baixo São Francisco - Frente Cearense Por uma Nova Cultura da Água Contra a Transposição - Projeto Manuelzão/MG - STRs, Colônias de Pescadores, Comunidades Ribeirinhas, Indígenas, Quilombolas, Vazanteiras, Brejeiras, Catingueiras e Geraiseiras da Bacia do Rio São Francisco

12.6.07

Atritos entre ribeirinhos e COPEL em Ortigueira

AMEAÇADOS PELA UHE-MAUÁ INTERROMPEM REUNIÃO COM A COPEL EM ORTIGUEIRA
Na tentativa de obter a licença ambiental de instalação para ausina hidrelétrica de Mauá – UHE-Mauá a COPEL – Companhia Paranaense de Energia Elétrica - convocou ontem, dia 11 de junho, no Salão Paroquial em Ortigueira, uma reunião com os ribeirinhos do rio Tibagi ameaçados de despejo pela construção da barragem. Cerca de 50 ameaçados estavam presentes. Após a abertura do evento, o Prefeito de Ortigueira, Geraldo Magela, falou que ainda tinha dúvidas com relação à usina. Em seguida, o Procurador da República João Akira Omoto, de Londrina, declarou-se preocupado com a falta de apresentação dos complementos ao EIA-RIMA,- Estudo de Impacto Ambiental - determinada na licença prévia da UHE-Mauá, antes que se fizesse a reunião com os ribeirinhos, pois ainda não se tem certeza se o empreendimento é viável do ponto de vista ambiental e, portanto, se será construído ou não.
O representante da COPEL, Jorge Andriguetto, tomou a palavra e iniciou explicações técnicas sobre a usina. A fala do representante da COPEL gerou revolta, nos representas das comunidades de Ortigueira e Telêmaco Borba. Os agricultores/as interromperam a reunião e cobraram uma posição efetiva dos representantes da COPEL quanto às complementações do EIA-RIMA e colocaram dúvidas acerca do cadastro feito pela empresa, que segundo os ribeirinhos é cheio de falhas e não considera os direitos dos ribeirinhos. Um outro fator de descontentamento foi à impossibilidade das famílias participarem da reunião (pois as comunidades estão há uma distancia de cerca de 40 quilômetros do centro de Ortigueira e nenhum meio de transporte foi disponibilizado).
Frente à recusa dos representantes da COPEL em responder aos questionamentos levantados e atender as reivindicações apresentadas, os agricultores/as deixarem o salão paroquial, alegando que a reunião não correspondia às expectativas dos ameaçados pela usina e que, por isso, estava encerrada.
Ao final do tumultuado encontro os presentes à reunião denunciaram ao Procurador da República as práticas dos empreendedores que nos últimos meses passaram a “construir” na região um clima de que a construção da UHE – Mauá é inevitável. Denunciaram também os enormes prejuízos econômicos, sociais, psicológicos que suas comunidades, famílias, crianças estão vivendo, ou seja mesmo na sua fase de licenciamento a UHE-Mauá já tem interferido cotidianamente na vida de homens e mulheres dos municípios de Ortigueira e Telêmaco Borba.
Curitiba, 12 de junho de 2007
Frente de Proteção do Rio Tibagi

9.6.07

Agressões a trabalhadores assentados

DENÚNCIA URGENTE

Nós cidadãos de Porto Alegre do Norte - MT, preocupados como o clima de violência a que estão submetidos trabalhadores rurais do Projeto de Assentamento Fartura, localizado no Município de Porto Alegre do Norte – MT, vimos por meio desta comunicação, formalizar denúncia a respeito do ocorrido hoje 07/06/2007, por volta das 12h00min, neste Município, quando os moradores do Assentamento foram vítimas de agressões e constrangimentos por nove homens fortemente armados, prováveis pistoleiros que, de acordo com esses mesmos homens, estavam ali a mando do Deputado Estadual pelo Estado de Goiás, Samuel de Almeida, do PSDB-GO.
De acordo com o depoimento de alguns trabalhadores acampados na área, os supostos pistoleiros chegaram agredindo os moradores, sob a mira de armas, identificando-se como policiais federais, inquiriram diversas pessoas de maneira constrangedora, chegando inclusive, agredir fisicamente algumas. Em seguida mandaram que os moradores tirassem os seus pertences rapidamente, e antes mesmo que as pessoas terminassem de tirá-los, eles atearam fogo nos barracos.
Vale registrar que no sábado, 02/06/07, passou um veículo com algumas pessoas que detonaram vários tiros em direção ao acampamento e, queimaram dois barracos em frente ao acampamento. Os acampados registraram ocorrência na delegacia de polícia local, e, no entanto além de não receber cópia da ocorrência, não foram tomadas quaisquer providências.
Outro fato que merece toda atenção, foi o de os supostos pistoleiros terem fotografado os acampados presentes e ainda, ameaçaram que se houvesse qualquer denúncia para a Polícia Federal, as pessoas seriam assassinadas.
Nesse sentido solicitamos que sejam tomadas as providências cabíveis e urgentes, de acordo com as competências das instituições comunicadas. Encaminhamos em anexo depoimentos de algumas vítimas.

Porto Alegre do Norte, 07 de junho de 2007.

Assinam essa denúncia.

José dos Santos Pereira Vasconcelos
Secretário Municipal de Agricultura-SMA_PAN

Comissão Pastoral da Terra – CPT-Araguaia
Centro de Direitos Humanos Sofia Araújo-CDHSA

Diretório Municipal do PC do B – PAN

Movimento Popular de Saúde –MOPS

Diretório Municipal – PT-PAN

Associação Terra Viva –ATV- PAN.

Marilde Garbin
Vereadora do PT-PAN

DEPOIMENTO

João de Sousa Lima, uma das vítimas: “Eu estava deitado, quando ouvi um carro se aproximar, pensei que era meu genro que estava chegando para nós ir pescar, e de repente me vi de frente de nove homens armados que chegou em dois carros dizendo que eram policia federal, eles pediram que ninguém corresse, que todos colocassem as mãos na cabeça, sendo que eles estavam armados e nós não tinha nenhuma arma, eles andaram ao redor do barraco procurando armas – nós não tinha arma, mas eles apareceram com um revólver dizendo que tinham encontrado lá. – depois me colocaram dentro do carro e me levaram para outro barraco do lado do Pedro Duarte, mais conhecido como Pedro Doido. Era o barraco do Pedro Branco, chegou lá encontrou o Pedro Branco e o Sr. Elpides, foram procurar armas e não encontrou, atiraram numa galinha, mas o tiro não pegou. Aí botou os trem lá fora, ai jogaram uns trem que tinha numa cisterna e botaram fogo no barraco. Aí, nessa hora perguntaram pro Pedro Branco quem é o chefe aqui? Aí seu Elpides disse que ninguém era chefe, que todos eram chefes, que o líder do acampamento era eu. Aí, eu falando com eles lá, um deles rumou a mão na minha cara, que eu quase caí, um deles disse para não bater no “velho”. Vieram e pediram desculpas e eu fiquei calado. Puxaram a faca lá, pra me furar, cortar o pescoço, furar orelha, me humilharam demais, eu e os demais companheiros também. Aí botaram eu dentro do carro, disseram que íam me matar. Puxaram a faca pra mim e disse que ia me matar. Eu disse que se quiserem podem me matar, mas não me batam. Um disse: “esse velho tem a boca dura”. Eu disse “boca dura não. Me apego é com Deus. Ai um disse “que Deus que nada”, outro cortou ele dizendo “agora você foi longe demais. Vamos respeitar Deus e também o velho que tem 77 anos”. Eles se tratavam como coronel, delegado, doutor, tudo da polícia federal, nenhuma polícia civil e nem militar. Mas não revelam nome. Depois nós tornemos a voltar pra mesma casa que estava, voltamos para o caminhão, botamos os trem dentro do caminhão e fui com eles até o acampamento. Lá tinha um rapaz que era irmão do Sonzinho, ai botou Sonsinho sentado, colocou o revólver na cabeça dele, depois disse que se não aparecesse o dono do tal revólver íam atirar na perna de cada um. Quando chegando lá, eles já estavam com três carros, duas pequenas que era uma S10, e uma D20 de gaiola e o trator. Disse para nós tirar os trem logo que iam tocar fogo. Lá D. Bené tinha uma cachorra parida, botaram fogo em tudo, e tinha um cachorrinho se arrastando pegando fogo, um disse “vou matar esse aqui logo”, e matou. Eles eram nove pessoas, todos os nove armados. Nós era seis adulto e uma criancinha de seis anos. A meninazinha chorava bastante, não queria nem ir lá dentro da cabina, queria ir em cima com a mãe. Nós amontoamos os trem logo tudo, não dava tempo de muita coisa, cortamos até as cordas da rede porque não dava tempo pra desatá, eles no pé, com a espingardona na mão. E os nomes, eles não chamava ninguém pelos nomes nosso não. Era sem-vergonha, era invasor, era nome tudo feio. Perguntaram se achavam bão eles invadir minha casa, minha terra lá, tomar a casa com neto tudo, igual eu invadir a terra dele, ai eu disse: rapaz, eu num tô na sua terra. Nós tamo nesse acampamento, fora, fora da sua terra. A gente foi lavar roupa. Que lá onde a gente tá, é água de cisterna, secou tudo. Lavar roupa e arrumar o barraco dum fazendeiro aqui. Eu chamo ele de fazendeiro que é apelido, e esperar o menino vim com o caminhão que era pra nós ir pra casa do Altair. Nós ia todo mundo nós lá, dormir lá, pra ir pescar. Nós num tava nem mexendo com as coisas dele. Ah! E perguntou até sobre um gado que tava lá, mas o gado era do Alfredo, que ia matar tudo, disse que é rapaz matar é dele, num é nosso não. Rapaz a gente num dá conta de ver tudo não porque o momento é duro. Nove homens e nós era sete, seis adulto e uma criança e era ao redor de nós assim, num podia nem urinar, eu mesmo pra fazer xixi de traz da casa e eles atraz de mim. E disse, depois eles tirou foto nossa e disse “se der parte pra Federal, vou matar vocês de um por um. Ai me deu vontade de perguntar “ces acabou de dizer que era da Policia Federal, Coronel e num quer que vai dar parte? Se é a Federal nós vai dar parte pra quem? A policia civil, não resolve, a PM também não resolve, quem pode resolver nosso caso a Federal e ia dar parte pra ninguém. Porque primeira coisa que nós temos primeiro lugar Deus e segundo a Federal e já era a Federal. Ai sai, vimos queimar os Barraco tudo, que não tinha outro modo. E se nós fosse também lá na delegacia, denunciar eles, eles iam ficar lá esperando que iam matar um lá na porta nossa. E matavam e não tinha nada. E falava também lá, estava lá, mas eles eram mandado, podiam matar qualquer um lá que não acontecia nada., que eles eram um grupo grande e são unido. “Tinha ido pra matar, “eu vim pra matar esse velho, mas ta a fia dele chorando muito, a neta e os outros” e eles era mandado, mas era mandado e não dizia de quem era. No que ele botou fogo no barraco eu disse rapaz aqui não pertence a vocês aqui é outra área, “Cala Boca Rapaz, queima tudo”...e queimou mesmo.Roupa, rede, só pela metade, já queimava lá, a lona queima rápido e tinha umas palhinha por cima. Fogo subia naquilo tudo. Depois que humilhou muito se fosse entrar lá matava. Se for mata. Cataram uns cinco facão nesse acampamento, os facão eles pegaram tudo e carregaram. “olha aqui as armas que eles tem aqui”. Pegou os facão e carregou. E era se batendo caçando arma, caçando arma, não achou nada. Falei “rapaz nós num tem aqui. As armas que nós temos aqui foice, facão, machado, o que eles achavam eles botavam no carro e levavam. Então é assim, eu num sei como faz. Ai eles ainda disse assim quando acabou o trato, disse assim “óia:” falou pro outro rapaz lá que tava comprando o lugar. Ele disse “oia: o deputado me deve seiscentos mil, e eu to recebendo essa terra”. Ai outro disse “bom. Agora ta limpo. Tá recebido?” Aí outro: “tá, tá recebido”. Porque nós falemos que não voltava. E disse que ia ficar lá sessenta dias pra ninguém oia lá, pra ninguém entra lá mais. Ficava lá olhando sessenta dias, queria ver quem que botasse o rasto lá dentro.

OBS 1: Neste depoimento tiveram participação Luiz Oliveira Campos; Elpides Lourenço Roxo; Hortência Oliveira Campos e Sueli Sousa Lima que são acampados e também foram vítimas das mesmas humilhações.

OBS 2: O caminhão citado no depoimento, é de uma pessoa que iria pescar com os acampados e que acabou sendo envolvido no caso. Foi humilhado e obrigado a transportar os pertences e os acampados para a cidade.

1.6.07

Falsidades veiculadas pela TV Globo

NOTA PÚBLICA
COMUNIDADE REMANESCENTE DE QUILOMBO SÃO FRANCISCO DO PARAGUAÇU
Cachoeira, Bahia.
As falsidades veiculadas pelo Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão no dia 14 de maio deste ano "Crime no quilombo? suspeitas de fraude e extração de madeira de Mata Atlântica" repetem na história o que significou o 14 de maio de 1888 para a população negra no Brasil, dia seguinte à abolição oficial da escravatura. O dia 14 daquela época significou o acirramento das relações escravistas, da violência racial contra negras e negros, e a tentativa de exterminá-la através de inúmeras medidas de exclusão e apartheid, dando continuidade ao processo de exclusão social e criminalização da população negra.
Passados cem anos continuamos a assistir às práticas racistas, novamente a covardia daqueles que atacam as comunidades negras utilizando as estruturas poderosas de dominação se manifesta através da veiculação de uma reportagem fraudulenta e tendenciosa, sem oferecer a comunidade nenhuma oportunidade para se defender. Nossa comunidade assistiu a reportagem exibida no Jornal Nacional da Rede Globo com profunda indignação diante da atitude racista expressa na má fé e na falta de ética de um meio de comunicação poderoso que está submetido a interesses perversos e tenta esmagar uma comunidade negra historicamente excluída.
Já esperávamos por esta reportagem, pois fomos testemunhas do teatro que foi armado por ocasião das filmagens, onde boa parte da comunidade envolvida na luta pela regularização do território quilombola nem sequer foi ouvida, visto que a equipe de reportagem se recusou a registrar qualquer versão contrária aos interesses dos fazendeiros, cortando falas e utilizando de métodos persuasivos, já que demonstrou expressamente o objetivo de manipular e deturpar a realidade, inclusive . Tentamos conversar com os prepostos da TV Bahia, filial da rede Globo, mas fomos ignorados. Logo vimos a vinculação da reportagem com os poderosos locais que tentam explorar nossa comunidade.
Diante deste sentimento de indignação com a reportagem fraudulenta exibida hoje vimos a público divulgar as verdades que Globo não divulga:
Historicamente, nossa comunidade ocupa este território. Os relatos dos mais idosos remetem nossa presença a muitas gerações. Ali sempre praticamos um modo de vida fruto de uma longa tradição deixada por nossos ancestrais. Extraímos da Floresta a Piaçava, o Dendê, a Castanha, e tantos outros produtos. Extraímos tantos tipos de cipós diferentes que usamos para fazer cofos, cestos e tantos outros artesanatos aprendidos com nossos avós. Nós amamos a floresta e a defendemos. Nossa luta para defender a floresta causa a ira de poderosos interesses que desejam o desmatamento para a grande criação de gado que cresce no recôncavo. Estamos decepcionados com a falta de dignidade do jornalista que expôs seu nome numa reportagem fraudulenta, pois as imagens do desmatamento de madeira apresentado na reportagem não foi filmada em nossa comunidade, sendo que a pessoa flagrada no corte de madeiras não pertence a comunidade de São Francisco do Paraguaçu, confirmando a manipulação dolosa, visto que as falas foram cortadas e editadas com o objetivo de transmitir uma mensagem mentirosa e caluniosa. Perguntamos aos responsáveis pela matéria: Por que não relataram as vultosas multas não pagas ao IBAMA pelos fazendeiros? Por que não mostraram os mangues cercados que inviabilizam a sobrevivência da comunidade?
Desta maneira, os poderosos que nos oprimem preferem partir para a calúnia, fraude e abuso do poder econômico. Tentam assim, dissimular já que sabem da força da verdade e do nosso direito. O Sr. Ivo, que aparece na reportagem, se diz dono da nossa área é um médico com forte influência política na região, à Frente de seus interesses está o seu Genro, conhecido como Lú Cachoeira, filho de um ex-prefeito e eterno candidato a prefeito. Lu Cachoeira tem um cargo de confiança no Governo do Estado como assessor especial na CAR (Coordenação de Ação Regional) e utiliza sua influência política para perseguir a comunidade. Esta família poderosa tem feito várias investidas contra a comunidade utilizando, inclusive, capangas, pistoleiros, ameaçando a comunidade, violentando crianças, perseguindo idosos, inclusive, utilizando métodos torpes refletidos nas ações violentas de policiais militares não fardados a serviço da família Santana que pode ser comprovado através de relatório da Polícia Federal que já teve diversas vezes na comunidade para nos defender.
Imbuídos do sentimento de justiça não podemos compactuar com atitudes que visam reverter as conquistas democráticas de reconhecimento de direitos da população negra, um verdadeiro afronte aos artigos 215, 216 e o artigo 68 das Disposições Transitórias da Constituição Federal. O povo negro e as comunidades quilombolas cientes de que o caminho de reparação das injustiças raciais é irreversível e que o direito constitucional à propriedade de seus territórios tradicionalmente ocupados é uma conquista da democracia brasileira, não sucumbirá aos interesses poderosos que durante toda história do Brasil promoveu atitudes autoritárias e de desrespeito ao Estado Democrático de Direito.
Lamentamos a covardia daqueles que usam o poder da mídia e do dinheiro para oprimir e perseguir comunidades tradicionais. Já estamos acostumados com esta prática perversa. Nosso povo resistiu até aqui enfrentando o peso da escravidão. FIÉIS A NOSSOS ANCESTRAIS, CONTINUAREMOS FIRMES, DE PÉ, LUTANDO PELA LIBERDADE!
Pela vergonhosa manipulação dos fatos e depoimentos,QUEREMOS DIREITO DE RESPOSTA E QUE O INCRA E A FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES SE PRONUNCIEM.
Salvador, 15 de maio de 2007
Comunidade São Francisco do Paraguaçu

29.5.07

Servidores da saúde fazem greve de fome

Três funcionárias da saúde pública do Paraná iniciaram hoje (29 de maio de 2007) greve de fome de 48 horas. O protesto está sendo realizado na Assembléia Legislativa, em Curitiba, para denunciar os descontos salariais praticados contra cerca de 500 servidores. "Precisamos que o governo tenha sensibilidade para rever sua postura intransigente e negocie de verdade", afirma a servidora Lismari Buffa de Barros, uma das grevistas.
Nos salários de abril foram descontados dois dias trabalhados. Em maio, os dias subtraídos do salário chegam a 20, de funcionários da saúde que não faltaram ao trabalho. Os descontos estão sendo implantados como forma de retaliação aos servidores que resistem na jornada de trabalho da saúde. O governo pretende aumentar de 30 para 40 horas semanais.
Desde o início do ano a direção do SindSaúde/PR tenta estabelecer negociações com o governo do Paraná para regulamentar as jornadas de trabalho. Muitos servidores têm jornadas estabelecidas em leis federais, como laboratoristas e dentistas (Lei 3.999/61). Outros têm decisões judiciais e portarias de nomeações a seu favor e sempre tiveram cargas horárias de trabalho diferenciadas. O governo se recusa em reconhecer a legislação federal, que tem respaldo no Estatuto do Servidor (Lei 6174/70, art. 53).
Um dos itens que os servidores da saúde querem negociar com o governo é a realização dos estudos para definir os servidores que atuam em locais insalubres, penosos ou perigosos, e teriam direito a jornadas de 30 horas semanais, conforme prevê o artigo 4º da Lei 13.666/02.
"Tudo isto poderia ter sido evitado se o governo instalasse no Paraná a Mesa de Negociação Permanente de Recursos Humanos do SUS, proposta pelo Ministério da Saúde", argumenta Elaine Rodella, que também está na greve de fome.
Além das leis e outras medidas, a jornada de 30 horas para os servidores da saúde foi definida pelas Conferências Nacional e Estadual de Saúde para assegurar qualidade no atendimento à população. É uma proposta mundial, defendida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), órgão vinculado à ONU. No Paraná, foi adotada no primeiro governo Requião, no início dos anos 90.
As servidoras em greve de fome:
**• Lismari Buffa de Barros *É servidora da saúde há 25 anos e trabalha no Lacen Guatupê, São José dos Pinhais.
*• Mari Elaine Rodella *Servidora da saúde pública desde 1990, vinculada ao Hospital do Trabalhador. É diretora do SindSaúde/PR.
*• Marlene Pereira Ozório *Servidora da saúde desde 1983, atua como auxiliar de enfermagem do Hemonúcleo de Francisco Beltrão.

28.5.07

MNDH-PR envia carta à Presidente do STF

Excelentíssima Senhora
Presidente do Supremo Tribunal Federal
DD Ministra Ellen Gracie
E-mail: ellengracie@stf.gov.br - Fax (61) 3217-4369
Fomos informados estarem agendados, para 6 de junho:
1. a conclusão do julgamento do Mandado de Segurança n° 21.896, impetrado contra a homologação da demarcação da terra indígena Jacaré de São Domingos, na Paraíba, tradicionalmente ocupada por comunidade do Povo Indígena Potiguara;
2. o julgamento do Mandado de Segurança n° 25.483, impetrado contra a homologação da demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, localizada no Estado de Roraima e tradicionalmente ocupada por comunidades dos Povos Indígenas Macuxi, Wapixana, Taurepang, Ingarikó e Patamona;
3. a possibilidade do julgamento e a conclusão do julgamento de outros processos de interesses indígenas, como as Ações Cíveis Originárias 304, 462 e469 e a Ação Direta de Inconstitucionalidade n° 255.
Esta manifestação decorre da nossa preocupação com o precedente que poderá ser criado, caso haja um julgamento contrário às homologações das demarcações das terras indígenas.
As entidades de defesa dos direitos humanos, solidárias aos povos e organizações indígenas, confiam e esperam que o Supremo Tribunal Federal mantenha sua jurisprudência e indefira os mandados de segurança mencionados, de forma a garantir a integridade das homologações das demarcações das terras indígenas, confirmando que a propositura de medidas judiciais contra a demarcação de terras indígenas não impede sua homologação pelo Presidente da República. As entidades e os movimentos em defesa dos Direitos Humanos consideram ainda ser extremamente importante que os casos acima relacionados e os demais que V. Excelência entender possíveis tenham seu agendamento confirmado para serem apreciados pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal na sessão de julgamento a realizar-se no dia 6 de junho de 2007.
Com isso, poderão ser definitivamente resolvidos os questionamentos suscitados nos referidos Mandados de Segurança, de interesse direto dos Povos Indígenas Potiguara(PB), Macuxi, Wapixana, Taurepang, Ingarikó e Patamona (RR) e que importam para todos os povos indígenas no Brasil
Atenciosamente,
Movimento Nacional de Direitos Humanos do Paraná

18.5.07

Convocatória da Jornada de lutas do dia 23 de maio

Enviado por Paulo Vidigal
O movimento sindical, popular e estudantil convoca os/as trabalhadores/as e o povo a lutar:
· Contra a reforma da previdência
· Contra toda reforma que retire direitos - não à emenda 3
· Por emprego, salário digno, reforma agrária e moradia
· Contra a política econômica e o pagamento das dívidas interna/externa
· Em defesa do direito de greve e contra a criminalização dos movimentos sociais
· Nós, lutadores e lutadoras do movimento popular, convocamos toda a sociedade para uma grande jornada de lutas, dia 23 de maio de 2007, contra essa política econômica e o superávit primário, pelo não pagamento das dívidas externa/interna e por uma auditoria dessas dívidas, bem como contra qualquer tipo de reforma que traga prejuízos à classe trabalhadora e à soberania do país.
· Vamos nos manifestar contra a política econômica do governo federal, que enriquece banqueiros e grandes empresários, estrangula qualquer possibilidade de investimentos em políticas sociais, mantendo a perversa concentração de renda. Vamos nos manifestar contra a retirada de direitos trabalhistas e contra a reforma previdenciária apresentada, pois é inadmissível reduzir nossas conquistas históricas.
· Lutamos para libertar o Brasil do domínio imperialista que impõe o agronegócio, que destrói a natureza e compromete a capacidade de produção de alimentos para o povo. Nos irmanamos a todos os povos latino-americanos em defesa da independência e da soberania de nossos países. Nos manifestamos pela retirada das tropas do Haití e contra a invasão do Iraque pelos EUA.
Estamos nas ruas por mais direitos para o povo:
· Reforma agrária
· Emprego para todos, redução da jornada de trabalho sem redução de salários
· Em defesa do direito irrestrito de greve, contra a criminalização dos movimentos sociais
· Em defesa do serviço público : educação e saúde pública, gratuita e de qualidade para todos/as
· Direito de moradia digna para todos
· Em defesa do meio ambiente, contra a destruição da Amazônia
· Valorização do salário mínimo e das aposentadorias
· Contra a autonomia do banco central
· Contra todas as formas de discriminação e opressão racial, homofóbica e sexista
· Pela anulação do leilão da privatização da Vale do Rio Doce
· Energia com tarifa social
· Pela democratização dos meios de comunicação. Em defesa dos lutadores e lutadoras do movimento sindical e popular, pela reintegração imediata de todos dirigente sindicais, a exemplo dos companheiros do metrô de SP, e pela imediata libertação dos presos políticos
Assinam: CUT, CONLUTAS, Intersindical, MST, UNE, CONAM, MTST, MTL

15.5.07

Terra, desemprego e trabalho infantil

Pe. João Caruana
Maringá - Paraná, 03 de Maio 2007
Recebi as frases abaixo de um internauta e aceitando que as frases podem não refletir exatamente o contexto da fala ou da escrita, gostaria de colocar alguns comentários para ajudar o diálogo.
"Algumas políticas públicas têm proporcionado transferência de renda, oferta de novos postos de trabalho, recomposição do poder de compra do salário mínimo. Preocupam-nos, no entanto, a persistência do desemprego, o subemprego, o trabalho infantil" Dom. Mauro Montagnoli Bispo de Ilhéus.
"A Igreja é a favor da reforma agrária. Vemos centenas de trabalhadores acampados. Falta vontade política para a realização dessa reforma" D. Geraldo Lyrio Rocha - Arcebispo de Vitória da Conquista.
"Há um descaso em relação às famílias assentadas. Não basta dar posse de terra"
Meu comentário:
1) A persistência do desemprego e subemprego preocupa mesmo. Agora para mim o que politicamente é importante é, que o país encontrou o rumo de mais emprego e no mesmo momento conseguiu vencer a inflação. E conseguir estes dois objetivos juntos não é fácil;
2) Normalmente o que acontece é que quando um país enfrenta a inflação, cria recessão e mais desemprego. Tudo mostra que a tendência é o contrário - de mais emprego - e isto deve ser notado com satisfação;
3) Ontem eu li (Jornal de Londrina) que em Londrina, no Norte do Paraná, por exemplo, nos primeiros três meses de 2007, foram criados o mesmo número de empregos que foram criados durante todo 2006. Se isto se torna tendência seria bom!
4) Trabalho Infantil é abominável. Cabe aos assessores nos indicarem leis mais rígidas para erradicar este mal.
5) Sobre a reforma agrária, o que eu li recentemente no web do INCRA e do Ministério da Reforma Agrária é o seguinte:
5.1) Em quatro anos foram distribuídos 380.000 lotes - com 10 hectares cada família daria o tamanho de três ou quatro estados médios brasileiros - haja papelada!;
5.2) Planejaram de legalizar 500.000 propriedades. Admitiram que não conseguiram andar quanto queriam, mas chegaram perto. Não anunciaram ainda o número oficial. Isto é um outro aspecto da reforma agrária, não acha?
5.3) Ainda tem terra do tamanho do Estado de Santa Catarina esperando um desfecho judicial para ser distribuída pelo Brasil afora. É aqui onde a pressão deve ser feita, eu acho, para que o desfecho aconteça.
5.4) Aceitando que tem assentamentos em situação precária ainda, - aí a necessidade de "Luz Para Todos". Mas é um fato, me parece, que as cooperativas dos recém assentados não estão esquecidas. Uma cooperativa de umas 800 famílias na região do noroeste do Paraná recentemente recebeu um credito de mais de um milhão de reais do BNDES e mais um tanto de um outro banco de desenvolvimento. Para quem nunca recebeu nada.......!
5.5) O Governo ficou devendo a revisão do índice de produção.
Acredito que no novo Congresso tem mais ambiente onde a Reforma Agrária pode ser melhor discutida. Vamos acreditar e insistir!
Para concluir: é óbvio que a pupila dos grupos sociais mais combatentes é mais Chaves do que qualquer outro líder na América Latina. No primeiro de maio foi anunciado que Chaves deu 20% de aumento no salário mínimo. Com um detalhe: este aumento foi dado após uma inflação de 19% durante dois anos! Ou seja: Venezuela ainda está ameaçada com inflação de dois dígitos ano. Eu pensei: nós não podemos subestimar o sucesso macro econômico que o nosso país conseguiu estes últimos quatro anos. Parece que este trabalho não é tão fácil assim - pergunta a Chaves!
E também no primeiro de maio, numa entrevista na televisão eu escutei um ex-ministro brasileiro das comunicações, Mendonça Barros, dizendo que ele ficou tão surpreendido com o resultado econômico desses últimos anos que sentiu a necessidade de fazer um curso de reciclagem!
Tem de analisar, tem críticas pontuais a fazer sobre qualquer assunto, tem mil problemas a resolver. Mas me ensinaram antigamente que: "contra o fato não existe argumento". E tudo mostra que o fato é que o país achou o rumo, e achando o rumo na vida tudo se torna mais fácil, tudo se torna mais possível. Esta é a base do meu otimismo.

3.4.07

Saúde pública de Maringá está doente

Paulo Emerson Vidigal
Servidor da saúde que junto com mais 32 servidores municipais que participaram da greve (em Maringá), responde injustamente a processo administrativo.

Quem procura um Posto de Saúde ou o Hospital Municipal de Maringá é obrigado a aguardar até horas para ser atendido. Longas filas e demora no atendimento não é exclusividade do serviço público. Em hospitais particulares situações semelhantes acontecem. Porém, raramente tornam-se públicas. A administração alega que a epidemia de dengue é responsável pelo aumento da procura aos serviços públicos de saúde. O que é inegável. Porém, há mais o que se dizer a respeito disso. O que se vê é que nunca houve filas tão grandes e a Saúde Pública de Maringá nunca esteve tão doente como hoje.
Equipes do Programa Saúde da Família, que deveriam atuar na prevenção de doenças, acabam trabalhando internamente nos postos para cobrir a falta de médicos, auxiliares de enfermagem e agentes de saúde. Não é novidade que várias equipes do PSF estão incompletas. Agentes de Saúde e Auxiliares de Consultório Odontológico para cobrir a falta de pessoal, acabam trabalhando como auxiliares administrativos. Será que pacientes não estariam deixando de ser visitados em suas casas? Todos sabem que um dos maiores objetivos da criação do Programa Saúde da Família é a prevenção de doenças. Essa é sua essência. Não deve ser distorcida.
No Hospital Municipal a situação não é diferente. Se por um lado, aumenta o número de pacientes que são atendidos diariamente, por outro, não aumenta o número de profissionais para atendê-los. Colocar mais médicos para atender é tão importante quanto disponibilizar mais auxiliares de enfermagem, materiais e estrutura física adequada. São os auxiliares de enfermagem que medicam os doentes. Há casos de o doente aguardar uma hora e meia com a ficha na mão esperando para tomar uma medicação. Há de se fazer justiça. Tal situação não é culpa de quem está trabalhando.
Diariamente pessoas doentes sentem na pele as conseqüências de um modelo administrativo desumano. Profissionais de saúde que heroicamente trabalham nesses locais, também são vítimas desse ‘modelo administrativo’. População e os trabalhadores da saúde merecem um tratamento digno. Discursos vazios e promessas não cumpridas não atendem a necessidade da população e dos servidores.
Faço minhas as palavras do velho jornalista Bóris Casoy ao comentar uma matéria sobre pacientes deitados no chão à espera de atendimento: “Isso é uma vergonha!"

31.3.07

43 anos do Golpe Militar

Hoje (31 de março de 2007) faz 43 anos que o general Castelo Branco coordenou o Golpe Militar no Brasil derrubando João Goulart, em 31 de março de 1964. Aproximadamente metade da população atual não havia nascido, mas sofreu as conseqüências do golpe. Os acadêmicos atuais não imaginam a proporção do que ocorreu na era de seus pais com o Golpe Militar de 1964: perseguições, assassinatos, desaparecimento de políticos, estudantes, sindicalistas, religiosos...
Não me parece isolado a greve dos controladores de vôos no Brasil em plena passagem de 30 para 31 de março de 2007. Pensado ou não, estão contribuindo e derrubando os últimos resquícios dos militares no Brasil por meio do controle dos vôos e espaço aéreo brasileiro. Chega dos militares agindo arbitrariamente como denunciado pelos controladores: ameaçando, perseguindo, removendo e prendendo controladores.
Recordo-me que em pleno momento do Golpe Militar, quando eu ainda era criança, entre 1971 e 1973, nós estudantes primários realizamos uma manifestação/paralização/passeata na Escola em que estudava para evitar a troca do diretor Alaert, em Cafezal – atualmente Cafezal do Sul/PR -, troca truculenta pela administração pública de Iporã. Em uma passeata fomos acompanhados e amedrontados por várias viaturas da polícia deslocadas de Iporã para acabar com a manifestação e passeata que realizamos pelas ruas de Cafezal (tempo bom foi aquele).
Até hoje não esqueço o quanto foi válido minha primeira experiência e participação em mobilização social e política. Era uma época de perseguições e de desaparecimento de estudantes que não era divulgado na Escola. Sofremos pressões, mas garantimos a continuidade do diretor que penso ainda estar vivo.

1.3.07

Sociologia: História, surgimento e importância

Elias Canuto Brandão
Prof. doutor do Departamento de Ciências Sociais
Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí/PR (FAFIPA)


Diariamente estamos envolvidos social e politicamente com nossos pares e concorrentes em pequenos ou grandes grupos, interagindo-nos socialmente e disputando espaços político na sociedade.
Como a interação social não escolhe dia, local, universidade, curso, disciplina ou grupo social, ocorrendo na família, clube, universidade, trabalho, ônibus e sala de aula, é indicativo que nos aprofundemos no estudo da ciência sociologia. Esta tem por objeto estudar as interações e relações sociais em e nos grupos e tudo que nele ocorre e decorre socialmente (maneiras de pensar, sentir e agir), o que direta e indiretamente influencia no comportamento e na estrutura social do grupo e da sociedade.
Independente do curso universitário (administração, contabilidade, economia, enfermagem, educação física, direito, pedagogia, matemática...), não há justificativas que sustentem questionamentos sobre a não importância do estudo da sociologia, considerando que, primeiro, vivemos em sociedade e em grupo social, interagindo-nos uns com os outros, o que por si, justifica o estudo da sociologia. Não nascemos isolados e vivemos em comunidade. Social e profissionalmente estamos em contato com pessoas na empresa, sala de aula ou em um consultório. Sempre estamos nos socializando, interagindo com pessoas, influenciando ou sendo influenciado por elas e ou pelo grupo social do qual fazemos parte: clube, igreja, associação, faculdade...
A sociologia faz parte do conjunto das Ciências Sociais e é ela uma Ciência Social. Por que é uma Ciência? É Ciência por ser um “conjunto de conhecimentos obtidos através da investigação sistemática, objetiva e empírica” (MEGALE, 1989, P. 41) e, “para se chegar ao status de ciência, o conhecimento deve passar por etapas entre as quais a verificação ou confirmação dos resultados” (p. 42) do que se pesquisa e, para isto, devemos formular o conhecimento do objeto a ser pesquisado. Para a formulação é necessário pesquisas bibliográficas, de campo e leituras a respeito do objeto que almejamos pesquisar. Para Megale, a formulação significa,
[...] vários conhecimentos vinculados entre si, formando uma teoria que constantemente está sendo posta à prova. Segundo, esta teoria ou conjunto de conhecimentos foi gerado por investigação (estudo, pesquisa, busca de dados) sistemática, ou seja, criteriosa, metódica, dentro da lógica ou coerência. Terceiro, a investigação é objetiva, isto é, visa à verdade, retrata fielmente o objeto ou fenômeno estudado, sem opiniões pessoas dos pesquisadores e interferir nos resultados. Quarto, investigação empírica indica que o conhecimento é fruto de experiência, de tentativas de repetir o fenômeno, para se assegurar, com certeza, de seus resultados (Ibdem).
Até quando as Ciências Sociais era uma única ciência, ou seja, não havia sido dividida entre sociologia, economia, antropologia, política..., nela se pesquisava e estudava “o comportamento social humano em suas várias formas e organização” (OLIVEIRA, 1997, p. 7). Atualmente, além das que citamos, outras fazem parte das especificidades como a sociologia jurídica, da enfermagem, do esporte... Alguns pesquisadores ainda colocam a história e a geografia nesta divisão, cada uma delas com uma função específica.
A seguir verifiquemos o objeto de estudo de algumas ciências sociais.
A sociologia é a ciência que estuda as relações e as interações sociais, formas de associação, comportamento e vida social no grupo, estruturas e vida social, a cooperação, competição e conflito na sociedade e ou grupo social. Ou seja, a sociologia é o estudo dos grupos sociais e tudo que nele decorre em função da interação e relações sociais, sobretudo da abordagem dada pelo pesquisador direcionada às sociedades moderna e contemporânea. É como descreveu Cristina Costa (1997, p. 11), “a sociologia é uma ciência que se define não por seu objeto de estudo, mas por sua abordagem, isto é, pela forma como pesquisa, analisa e interpreta os fenômenos sociais”. Quando o estudo estiver voltado às sociedades primitivas, a ciência que dela se preocupa e a Etnologia que, por sinal, é muito próximo da sociologia.
A antropologia objetiva estudar a evolução humana e cultural: tudo o que o homem inventa e usa. Objetos materiais, valores, crenças, símbolos, costumes, comportamento..., ou seja, “pesquisa as semelhanças e as diferenças culturais entre os vários agrupamentos humanos” (OLIVEIRA, 2002, p. 10), como se originou e evoluiu a cultura, da antiguidade à contemporaneidade: religiões, magia, casamento... Assim como as influências dos grupos étnicos em uma sociedade. A diferença entre a Sociologia e Antropologia está nos problemas teóricos investigados e nos métodos de pesquisa utilizados por sociólogos e antropólogos do que com os objetos de estudo em si, pois ambas estudam a vida social em grupo com métodos diferenciados.
A economia ou sociologia econômica estuda a organização de grupos humanos e as relações econômicas voltados às atividades para a satisfação de necessidade matérias: “produção, circulação, distribuição e consumo de bens e serviços” de mercadorias e troca (OLIVEIRA, 2002, p. 10). Para Lakatos, um exemplo do estudo desta ciência são as “conseqüências sociais das greves ou a influência das mesmas na deterioração da moeda”, assim como a “alteração da organização das empresas industriais no sentido da participação dos trabalhadores nos lucros da empresa” (LAKATOS, 1982, p. 28). Para Karl Marx, as pesquisas econômicas geralmente são influenciadas por teorias sociológicas.
A psicologia social estuda o comportamento dos indivíduos na sociedade, assim como as influências dos contatos e valores da sociedade exercem sobre sua personalidade, resultando nas reações coletivas, na interação mútua e recíproca e nas alterações das condutas dos indivíduos do grupo e da sociedade em questão, moldando-os culturalmente sobre determinados temas ou assuntos sociais, políticos, econômicos ou culturais como natalidade, questão racial
[1], orientação sexual no grupo/sociedade... Ou seja, a preocupação da psicologia é com o indivíduo em si e não com o grupo que ele está inserido. Acrescentemos que a psicologia social “se preocupa também com as motivações exteriores que levam o indivíduo a agir de uma forma ou de outra”, enquanto que “o enfoque da Sociologia é na ação dos grupos, na ação geral”[2].
Não é diferente com a sociologia da enfermagem, jurídica, do esporte, rural, urbana, industrial e outras.
De forma ampla, as Ciências Sociais visa pesquisar o comportamento social humano e suas várias formas de organização e, para isto subdivide-se em especialidades visando a investigação científica (trabalho, escola, lazer, cultura...).

História das Ciências Sociais:

Antiguidade:
Platão (427-347 a.C.) – livro República e Aristóteles (384-322 a.C.) – livro Política;
Aristóteles afirmou: “o homem nasce para viver em sociedade”.

Idade Média:
Continua as descrições filosóficas da antiguidade sobre a vida e as normas de viver numa sociedade ideal;
Santo Agostinho, em “A cidade de Deus”, por achar que os homens viviam em pecado, “propunha normas para se viver numa cidade onde não houvesse pecado”.

Renascimento:
Surge autores mais realistas sobre os fenômenos sociais.
Maquiavel (O príncipe);
Tomás Morus (Utopia);
Tomaso Campanella (Cidade do sol);
Francis Bacon (Nova Atlântida);
Erasmo de Roterdá (O elogio da loucura)
Tomás Hobbes (O Leviatã);

Século XVIII:
As análises sobre a sociedade são mais realistas.
Destaques: Giambattista Vico (A nova ciência) = “a sociedade se subordina a leis definidas, que podem ser descobertas pelo estudo e pela observação objetiva”. Formula que “O mundo social é obra do homem”.
Jean-Jacques Rousseau afirma em O contrato social: “o homem nasce puro e a sociedade é que o corrompe”;

Século XIX – Os precursores e clássicos da sociologia:
Henri de Saint-Simon – precursor,
Pierre-Joseph Proudhon – precursor,
Auguste Comte – precursor. Considerado o pai da sociologia por ter usado, em 1839, no Curso de Filosofia Positiva, a palavra sociologia.
Herbert Spencer – precursor,
Gabriel Tarde – precursor,
Émile Durkheim (1858-1917 – clássico. Divulgou a sociologia enquanto ciência e a mesma torna-se o estudo dos fatos sociais: modo de vestir, a língua, a religião, o sistema monetário, as leis (...)
Max Weber – clássico,
Karl Marx – clássico. Marx não foi sociólogo e sim um teórico social que investigava e descrevia sobre as questões sociais, políticas e econômicas observadas durante a formação do sistema capitalista.

Com os precursores e os clássicos, a investigação dos fenômenos sociais ganha caráter científico e a sociologia, enquanto ciência, avança nas investigações para compreender como a sociedade se organiza e seus componentes se relacionam e interagem.

Objetivo da sociologia na formação do acadêmico
O objetivo da sociologia na formação do pesquisador acadêmico é possibilitar que o mesmo tenha um conhecimento sustentável sobre a sociedade que ele está inserido, contribuindo com os mais diferentes debates sociais e políticos por meio da pesquisa bibliográfica e de campo.
Independente do curso de cada acadêmico, em princípio todos são pesquisadores e, futuramente, poderão ser cientistas.
Destaquemos que das ciências, a sociologia perpassa todos os cursos por estudar as relações e as interações sociais, independente da função e responsabilidade das pessoas no grupo e na sociedade.
Mas o que é a sociologia? Entre outras defesas, “é o estudo das regras sociais e dos processos que ligam as pessoas em associações, grupo e instituições”, assim como é também o estudo dos “fenômenos que ocorrem quando vários indivíduos se encontram em grupos de tamanhos diversos, e interagem no interior desses grupos”. O interesse da sociologia abrange desde o comportamento das pessoas em grupo, enquanto seres sociais em “uma rua até o processo global de socialização (globalização)”
[3].
Por que surgiu a sociologia? Surgiu como disciplina no séc. XIX e Auguste Comte é considerado o criador do termo. Surgiu como,
[...] forma de uma resposta acadêmica para um desafio de modernidade: se o mundo está ficando menor e mais integrado, a experiência de pessoas do mundo é crescentemente atomizada e dispersada. Sociólogos não só esperavam entender o que unia os grupos sociais, mas também desenvolver um "antídoto" para a desintegração social. http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociologia.

Sobre o estudo em curso, Lázaro Chaves
[4], em trabalho publicado em 2004, intitulado “Surgimento da sociologia e o socialismo” faz um resgate histórico da organização da sociedade desde o final da Idade Média que merece nosso destaque, discussão e aprofundamento teórico.
Europa, final da Idade Média, crise do Modo de Produção Feudal. Classicamente, se diz que o Modo de Produção entrou em contradição com os interesses das Forças Produtivas. Naquele caso, embora a densidade demográfica crescesse assustadoramente, de nada adiantava produzir mais porque o excedente não iria para aqueles deles necessitados; iria engordar ainda mais os cofres da Nobreza...
As pessoas começam a se rebelar, fogem dos feudos (a que eram “presas” por laços de honra) e passam a roubar ou com parcos recursos comprar bens baratos a grandes distâncias vendendo-os mais caro onde eram desejados – ressaltem-se as famosas “especiarias” -, ou seja, na Europa. A prática do lucro era condenada pela Igreja Católica, a maior potência do mundo à época. Mas para os fugitivos dos feudos, fundadores de burgos, que serão mais tarde chamados de “burgueses”, não restava outra alternativa exceto a atividade comercial voltada ao lucro, tida como “desonesta” por praticamente todas as culturas e civilizações do mundo a partir de todos os pontos de vista éticos.
O capitalismo era como um pequenino câncer que surgiu no final da sociedade feudal. Foi crescendo, crescendo e hoje, a burguesia e seus interesses comerciais se sobrepõem ao ser humano numa infecção que contamina todo o planeta. Aquelas sociedades que buscam a cura para este mal são “reconvertidas” ao satanismo pagão de holocaustos ao deus-mercado através de diversas formas de pressão e, no limite, uso da força física, como ocorreu no Chile de Salvador Allende e, mais recentemente, no Afeganistão – um com proposta socialista, outro com proposta islâmica; ambos intoleráveis hereges dentro do fundamentalismo de mercado.
Era fundamental reorganizar a sociedade de maneira a que os novos donos da riqueza fossem também os donos do poder. Surge uma nova religião para reforçar uma ética mais consentânea com os tempos cambiantes: surge o protestantismo. Os padres diziam nas missas – embora sua prática fosse bem outra... – ser “mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus”, reiterando serem pecaminosos aqueles que praticavam a cobrança de juros, lucros... “Usurários”, enfim, eram todos enfileirados no caminho que conduz ao fogo do inferno. Por outro lado começam a surgir ex-padres, agora pastores que passam a informar: “se a mão de Deus estiver sobre a sua cabeça, você prosperará imensamente nesta terra; nisso você verá um sinal de estar sendo por ele abençoado”... Se você tivesse enriquecido à beça na base do comércio lucrativo, ou do empréstimo a juros, preferiria o discurso do padre (vale repetir, em contradição com a sua prática) ou o do pastor? Assim cresceram as seitas protestantes pelo mundo afora.
Politicamente a burguesia endinheirada sentia-se lesada tendo de pagar tributos à antiga nobreza, agora praticamente falida. No início compravam títulos de nobres aos de antiga linhagem – que os discriminavam! – a seguir passaram a pensar em alternativas mais radicais (ser radical é ir à raiz e a burguesia foi radical no período de suas glórias revolucionárias!) como convocar os trabalhadores a uma aliança contra a nobreza e implantar um novo tipo de regime político, muito mais interessante e lucrativo para a burguesia, a “república”. Os burgueses convocaram seus empregados, desempregados e desesperados, superiores em número, para uma aliança contra a nobreza ou “antigo regime” e, após muitos percalços, saem-se vitoriosos. Agora, “duque”, “king” e “marquesa” passam a ser nomes de animais domésticos da burguesia! O passo seguinte foi agradecer e condecorar trabalhadores, desempregados e desesperados e mandá-los de volta a seus trabalhos, a seus desempregos e a seu desespero.
Estes, à medida que se conscientizavam de que foram usados para uma troca de poder que em absolutamente nada lhes beneficiou começam a organizar-se em sindicatos e outras agremiações classistas, por vezes secretas, maçônicas mesmo, por vezes aberta, mas sempre e imediatamente proclamadas ilegais ou heréticas e perseguidas por todo o aparato estatal e religioso que a burguesia podia colocar em marcha!.

A continuação do artigo de Chaves trata de Karl Marx, Dialética, Augusto Comte e a “Física Social”, Durkheim e “As Regras”, Weber – a jaula de ferro do capitalismo, Gorg Lukács, Escola de Frankfurt, Teologia da Libertação, entre outros.


Referências Bibliográficas
BAZARIAN, Jacob. Introdução à sociologia – As bases matérias da sociedade. 2ª ed., São Paulo: Alfa-Omega, 1986.
CHAVES, Lázaro Curvelo.
http://www.culturabrasil.pro.br/oquee.htm - extraído em 01/03/2007.
COSTA, Cristina. Sociologia – Introdução à ciência da sociedade. 2ª ed., São Paulo: Moderna, 1997.
DELLA TORRE, M. B. L. O homem e a sociedade – Uma introdução à sociologia. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1980.
HOUAISS, Antônio. Pequeno dicionário enciclopédio Koogan Larousse. Rio de Janeiro: Larousse do Brasil, 1979.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociologia - 28 de fevereiro de 2007.
LAKATOS, Eva Maria. Sociologia geral. 4ª ed., São Paulo: Atlas, 1982.
MEGALE, Januário Francisco. Introdução às ciências sociais – roteiro de estudos. São Paulo: Atlas, 1989.
OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. 24ª ed., São Paulo: Ática, 2002.
RUSS, Jacqueline. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Scipione, 1994.
[1] LAKATOS, 1982, p. 24.
[2] http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociologia - extraído em 28 de fevereiro de 2007.
[3] Ibidem.
[4] CHAVES, Lázaro Curvêlo – http://www.culturabrasil.org/oquee.htm, publicado em 20/01/2004.

11.2.07

Homenagem às professoras do interior

(Autor desconhecido)
Organizador: Pedro Alves Canuto

Não tenho preparo, eu não sou doutor.
Mais toco viola e sou cantador.
Faço meus versos de história e de amor.
Faço homenagem prá quem tem valor.
Aqui nessa moda a homenagem que eu dou.
É bem merecida não é um favor.
Eu sou bem sincero não sou adulador.
É prá as professoras do interior.
=====
São essas mocinhas que saem de viagem.
Embarcam prá o mato de mala e bagagem.
Deixa a cidade com as suas vantagens.
Prá fazer o que fazem precisam coragem.
Elas enfrentam com fé sem temor,
Sem ter um parente para seu protetor.
Pois suas famílias bem longe ficou.
Mais são protegidas por nosso Senhor.
=====
Que Deus abençoe moças tão preciosas.
Que levam essa vida tão dificultosa.
Eu digo bem alto em verso ou em prosa.
É uma missão muito valiosa.
Ensina as crianças com jeito e amor,
Se é filho de rico também lavrador.
Se alguém nesse mundo merece louvor.
São as professoras do interior.
=====
Eu ponho reparo nessas criaturas.
Por que é que sei que elas aturam.
Elas são moças de almas bem pura.
Cumpre a missão não mostram amargura.
Eu fiz esses versos não fiz por fazer,
Meus filhos pequenos já sabem ler.
Eu fiz esses versos só prá agradecer.
A todas essas moças que cumprem o dever.

18.1.07

Discurso da posse de Requião

DISCURSO DE POSSE DE REQUIÃO – JANEIRO/2007


Por escolha dos paranaenses, assumo pela terceira vez o Governo do Estado. Na verdade, estou pouco interessado em marcas históricas, em recordes. O que importa não é o tempo em que estive e que ainda vou estar no Palácio Iguaçu. O que conta são as realizações, o que fizemos no primeiro e no segundo mandato. As obras, e também as palavras. Já que nunca dissociei a ação do discurso.
De todas as disputas, desde que fui eleito deputado em 1982, esta foi a mais difícil de todas. Não acredito que, ao longo da nossa história republicana, tenha havido no Paraná um pleito renhido quanto este. Nunca se viu uma união de forças tão poderosa, tão obstinada, tão arrogante e, ao mesmo tempo, tão sem escrúpulos como a que enfrentamos.
Nada os deteve. Passaram como uma horda de bárbaros sobre as mais comezinhas regras da convivência, da urbanidade. Possivelmente nem um outro governante paranaense tenha sido exposto de forma tão desumana, tão desapiedada.
Não estou aqui lamentando fatos. São coisas da vida e eu as registro. Certamente, para desagrado de alguns companheiros que chegaram a pedir que fizesse um discurso de conciliação, de congraçamento, de paz. É a velha estória de sempre. O mito da cordialidade. O oportunismo da “união nacional”. Toda vez que se vêem em perigo ou depois de uma derrota, os interesses dominantes - a direita, sejamos claros - ressurge com a conversa mole da harmonia, da concórdia, somos todos amigos, somos todos irmãos e patranhas da espécie.
No processo eleitoral, não demonstraram nenhuma cordialidade, fizeram de tudo para que fôssemos esmagados, liquidados. Discursavam com gosto de sangue na boca, com punhal entre dentes. Se vencedores, prometiam terríveis vinganças.
O que muitos companheiros, Secretários de Estado, Diretores de Empresas, gente do primeiro, do segundo escalão, dirigentes do Partido não entendem é que dois lados muito claros e distintos opuseram-se nesta eleição. Provavelmente, nunca em uma eleição paranaense esse antagonismo deu-se tão evidente. Do lado de lá, reuniram-se todos os interesses contrariados. Vi-os todos no palanque do adversário. Os que quebraram e privatizaram o Banestado.
Os que quebraram e tentaram privatizar a Copel, os que alienaram o controle da Sanepar, não investiram em saneamento e fizeram ressurgir até mesmo a cólera em nosso Estado. Os que privatizaram as estradas e criaram aqui a mais abusiva de todas as tarifas de pedágio. Os que destruíram a educação pública, acabaram com o ensino profissionalizante e fizeram o Paraná regredir aos piores índices de qualidade de ensino no país.Estavam todos lá. Os que deram toda sorte de vantagens e privilégios às multinacionais e esmagaram o empresário paranaense. Os que se acumpliciaram com as transnacionais na conspiração para submeter os produtores paranaenses ao domínio de suas sementes patenteadas. Os que transformaram o erário quase que em caixa privado e dilapidaram o Estado.
Estavam todos lá. Os que viveram durante tanto tempo às expensas das verbas públicas e comercializaram suas opiniões. Os que fizeram da liberdade de imprensa um negócio muito próprio e muito próspero. Estavam todos lá. Os que viviam de fraudar concorrências, de superfaturar e de fazer das concorrências públicas uma ação entre amigos.
Estavam todos lá. Aqueles que em oito anos de governo não produziram mais que 38 mil empregos com carteira assinada. Porque não cortaram impostos, desprezaram os pequenos, quebraram as empresas públicas, não investiram em infra-estrutura, não atraíram negócios que gerassem intensivamente novas vagas para os trabalhadores. Estavam lá os que não apenas não criaram qualquer programa social para minorar e atender emergencialmente os nossos irmãos mais pobres, como eliminaram os que existiam, aumentando a dor da exclusão, aprofundando a humilhação e a ofensa da miséria. Estava lá o Banco Itaú, contra quem o Estado do Paraná demanda na Justiça e que ganhou o Banestado de presente, de graça, num dos processos mais absurdos da privataria, do desbaratamento do patrimônio público. Estava lá o Banco Itaú que quer fazer valer contratos absolutamente insustentáveis contra o interesse paranaense. Estava lá o Banco Itaú financiando a candidatura de dois dos meus adversários. E estavam lá os meus adversários aceitando recursos de quem demanda contra o Paraná.
Estavam lá também pessoas de boa índole, sinceras, honestas, corretas, empenhadas na batalha eleitoral, acreditando que aquela fosse a melhor alternativa. Certamente, uma minoria pouco influente porque o que predominava mesmo era a voz do dono.
Este o lado de lá. E qual o nosso lado?O lado dos mais pobres, dos trabalhadores, dos pequenos, dos agricultores familiares, do fortalecimento das políticas públicas de saúde, educação e segurança, da recuperação das estradas, da construção de escolas e hospitais, da criação de empregos, da isenção de impostos, do microcrédito, do fundo de aval, do programa do leite, da tarifa social da água, da luz fraterna, da recuperação do Estado, da transparência, da austeridade. O lado do povo. Há quem se constranja, fique encabulado ou até mesmo sinta urticária quando se fala em povo. Os dominantes, essa gente do mercado, os do lado de lá, os que sempiternamente viveram do sangue, do suor, da miséria, da exploração do povo. Os que excluem, esmagam, discriminam, ofendem e humilham o povo. Os que enganam e manipulam o povo. Essa gente torce o nariz quando algum governo declara sua opção, seu amor, sua solidariedade para com o povo. É impressionante como os valores do mercado, sua boca torta de fumar o cachimbo da dominação transmite-se e são assimilados até mesmo por aqueles que estão entre nós. E lá vem essa conversa toda de populismo, do horror a um Hugo Chavez, a um Evo Morales, a um Rafael Correa, a qualquer um enfim, que se oponha ao consenso de Washington, aos ditames do FMI, às receitas do neoliberalismo, à ação sem freio do mercado. O nosso lado é o lado do povo. E como então aceitar a conciliação que alguns companheiros urdem?É interessante. Quando chega a vez, quando temos possibilidades concretas, reais de fazer alguma coisa por aqueles que mais precisam, por aqueles que a vida toda restaram à margem, insistem que sejamos equânimes, que pesemos os dois lados, que olhemos à esquerda e à direita, que não nos afastemos dos grandes, dos poderosos, dos manda-chuvas.
Companheiros de Governo, paranaenses. Nesses quatro anos que passaram acredito que tenha ficado claro a todos para quem governamos. Ou não salta aos olhos a nossa opção? Será que há alguma dúvida? Pois bem, nos próximos quatro anos vamos radicalizar essa opção. Vamos ainda mais a fundo na tarefa de governar para o povo.
E não é um governo de centro-esquerda, não. Não venham com esses centrismos, com esse equilibrismo. Somos sim um governo de esquerda. E que a má interpretação ou a distorção daquilo que disse o Presidente Lula não sirva de pretexto para que alguns neguem o lado em que nos posicionamos.
Somos de esquerda, porque ser de esquerda é ser solidário, fraterno, humano. É ser gente. É ter os olhos, a alma e o coração voltados para as desigualdades e as misérias deste mundo. O fosso entre os que têm e o que não têm alargou-se de tal formas nos últimos anos, nesses malditos anos de expansão do neoliberalismo, que não seria catastrófico antecipar a possibilidade do colapso da civilização. Tenhamos olhos para ver. E vejam.
Hoje a metade da população mundial, calculada em 6 bilhões e 800 milhões de almas, tem um patrimônio de tão somente 4.500 reais.
A tragédia brasileira da desigualdade, da exclusão, da concentração de rendas segue o ritmo mundial. Por mais escandaloso e surpreendente que pareça quem ganha mais que 800 reais por mês em nosso país está entre aquela parcela de cinco por cento de brasileiros mais ricos.
Escandalizem-se. Mas reajam, mas façam alguma coisa, mas desendureçam o coração e arejem o cérebro. Alinhem-se à esquerda, formem entre aqueles que ainda não perderam a capacidade de indignar-se e lutar. Perfilem entre os que não perverteram as características básicas de seres humanos, que não se transformaram em homens lobo dos homens.
Enfim, recuperemos as nossas condições de seres humanos. Segundo Aristóteles, “animais políticos”; isto é gregários, solidários, civilizados, já que civilização pressupõe solidariedade, irmandade. É isso que nos distingue da barbárie, da irracionalidade. E o que é a globalização, a sanha do mercado por lucro, a dominação impiedosa dos países e povos periféricos? O que é a transformação do individualismo, da competição, da esperteza, da ascensão a qualquer preço a valores máximos dos nossos tempos? O que é tudo isso que não a volta à selvageria, ao embrutecimento, à incultura, à grosseria, à rudeza, à brutalidade, à desumanidade das hordas pré-civilização?
Já próximo da morte, nas reflexões finais sobre a sua trajetória política, François Mitterrand disse que a direita julga que o poder é dela, por delegação natural, como se fosse a reprodução do direito divino dos reis. Assim, para a direita, a eventual ascensão da esquerda é usurpação, é antinatural. Isso é de tal forma difundido, está de tal forma entranhado em nossa cultura, que muitos, à esquerda ou ditos de esquerda, ou do centro, parecem constrangidos quando ganham uma eleição. Quase que pedem desculpas à direita por chegar ao governo, por ocupar um espaço naturalmente dela, naturalmente dos senhores, naturalmente dos dominantes. Talvez seja por isso que, segundo dizem, nada mais parecido com o conservador que a esquerda quando chega ao governo. Ou como se dizia no Império: “Nada mais parecido com um luzia do que um saquarema no Gabinete”. Não aqui no Paraná. Palavras e obras. Coerentemente. O que pensamos, o que discursamos, o que declaramos corresponde, sempre, ao que fazemos. Desmontaram o Estado, diminuíram-no, enfraqueceram-no. Afinal, para os neoliberais, a existência do Estado justifica-se à medida que sirva ao mercado. E todas as políticas públicas são desperdício de recursos. Recursos que eles querem para pagar as dívidas, o serviço da dívida. Superávites para acalmar o mercado e sinalizar as nossas condições de pagamento. O risco brasileiro é falta de dinheiro para saúde, educação, segurança, infra-estrutura, geração de empregos, má distribuição de renda. Mas o risco, que eles medem como se medissem a febre e o perigo de vida de um paciente, o risco para eles, é faltar recursos para pagar a dívida, já tantas vezes paga e ainda assim tornada impagável pela prestidigitação contábil dos credores, dos rentistas internos ou externos. Nós recuperamos o Estado e o Estado passou a ser um elemento essencial para a retomada do desenvolvimento paranaense.
Nesses quatro anos, transformamos a Copel de uma empresa à beira da quebra, deficitária, na terceira melhor empresa de energia do mundo. E na principal empresa de energia das Américas. De longe, a melhor empresa de energia do Brasil. Para o lucro de quem? Dos paranaenses, que pagam hoje a menor tarifa de energia do país; dos nossos empresários que têm oferta de energia barata e abundante para o desenvolvimento de seus projetos; de um milhão de paranaense de famílias mais pobres, que recebem energia de graça em suas casas. Porque energia elétrica é saúde.
A Sanepar voltou ao controle público e hoje desenvolve a mais ousada e abrangente política de saneamento do Brasil, transformando o Paraná em referência nacional em oferta de água e esgoto tratados. E a tarifa social da água atende mais de um milhão e quatrocentos mil paranaenses de menor renda. Porque saneamento é saúde.
O Porto, livre da sanha dos privatistas, da especulação, recuperado, saneado, eficiente e lucrativo. Na Educação, uma transformação extraordinária. Não há, quem no Brasil deixe de reconhecer os avanços da educação pública paranaense nesses quatro anos.
A qualidade do ensino, o livro didático gratuito, o portal da educação, os 40 mil computadores, toda a rede escolar interligada por rede de fibra ótica, o plano de cargos e salários, a construção de novos colégios e salas de aula, a volta do ensino profissionalizante, os extraordinários índices de aprovação dos nossos alunos na Universidade Federal e nas Universidades Estaduais. Além dos grandes investimentos no ensino universitário público estadual. Na Saúde, os esforços extremos para recuperar as defasagens acumuladas nos oito anos que nos antecederam. Estão aí os 24 hospitais, em construção, reforma ou ampliação para dar, enfim, aos paranaenses a base física indispensável a uma política pública de saúde universal e eficiente.
Pela primeira vez, em anos, reduzimos os índices de mortalidade infantil e somos hoje um dos dois Estados brasileiros que mais avançou nesta área. Os 126 Centros da Saúde da Criança e da Mulher, que já estamos construindo, vão fazer com que esses índices sejam reduzidos ainda mais.
Na Segurança Pública, a implantação de um novo conceito de segurança: a Polícia Comunitária, próxima das pessoas, integrada com elas e interagindo com elas.Daí o Projeto Povo, a Patrulha Escolar, os Bombeiros Comunitários, o Geoprocessamento do Crime, os Conselhos de Segurança. Reequipamos as Polícias Civil e Militar, aumentamos o efetivo, reajustamos os vencimentos. Avançamos, mas temos a consciência de que ainda há muito o que fazer. Para gerar mais empregos, para incentivar investimentos e aumentar a produção aplicamos a mais ousada política fiscal do país, que agora serve de inspiração ao governo federal ao editar a Lei Geral da Microempresa. Hoje, 172 mil micro e pequenas empresas paranaenses são beneficiadas pela isenção de ICMS ou pela redução do imposto. Os resultados espelham-se no alargamento da longevidade das empresas paranaenses, bem superior à média nacional, e, principalmente, na criação de novos empregos. Do início do nosso mandato, até novembro de 2006, foram criados no Paraná 365.623 empregos com carteira assinada. Nos oito anos do governo que nos antecedeu não foram criados mais que 38 mil empregos formais. A diferença é notável. Pena que a nossa imprensa, tão rápida na crítica, não tenha se debruçado sobre esse espantoso confronto de números e não tenha feito uma das perguntas básicas da boa reportagem: Por quê? O programa do microcrédito, que tanto sucesso fez neste primeiro governo, alavancando milhares de pequenos negócios, terá dobrado os seus recursos. Vão ser agora 160 milhões de reais para financiar quem queira abrir um negócio ou ampliar o que já tem.
Concluímos nesse dezembro, o ingente esforço de recuperação da malha rodoviária estadual. Mais de cinco mil quilômetros devolvidos ao trânsito seguro dos paranaenses. Sem pedágio. Com isso, temos prontas as condições para a implantação de um novo projeto. Os Caminhos da Liberdade, oferecendo alternativas às estradas pedagiadas. Não descuramos a batalha contra o abuso do pedágio. As concessionárias fecham o ano com uma arrecadação estimada de 735 milhões de reais e nem 30 por cento disso foram aplicados em benefícios para os usuários.
É por isso que temos mais de 40 ações na Justiça contra o abuso das tarifas e o descumprimento dos contratos.
A luta contra os interesses dominantes do mercado se fez também com a implantação do software livre. Com isso, buscamos não apenas universalizar, democratizar o acesso à informática como também economizamos recursos financeiros para o Estado. Desde que o software livre foi implantado, em maio de 2003, até agora já economizamos 147 milhões de reais, dinheiro que desperdiçaríamos com as empresas que monopolizam o setor.
Além dos programas sociais da água, do leite e da luz, dos avanços na educação, da política fiscal, da geração de novos empregos, da construção de estradas e hospitais, uma das ações que mais me empolga, mobiliza e emociona é o programa de construção de Bibliotecas Públicas em todo o Paraná. Breve, cada município paranaense, por menor e distante que seja vai ter a sua Biblioteca, bem provida de livros, interligada à Internet.Vocês não imaginam o efeito transformador que uma Biblioteca tem sobre as nossas comunidades, especialmente nas cidades do interior. Elas são a porta para um mundo maravilhoso, para a criação, para a fantasia, para a formação. Criado em uma biblioteca, sei do que falo. O Fundo de Aval, para dar suporte aos nossos agricultores familiares, é também um outro programa vitorioso. Neste novo mandato, iremos além. Vamos investir um bilhão e trezentos milhões de reais para diversificar a agricultura, para industrializar a produção agropecuária, para dar suporte a ações como irrigação noturna, Panela Cheia, trator solidário, incentivar a produção agroecológica. Para enfim dar às 320 mil pequenas propriedades agrícolas em nosso Estado o apoio necessário, a fim de que se consolidem e se desenvolvam. Tantos avanços em tão pouco espaço de tempo não seriam possíveis se não recuperássemos a capacidade do Estado de pensar, de planejar, de executar. E se não contássemos com um corpo de funcionários públicos, de profissionais, tão eficiente e capaz como o que temos. Paranaenses. As bases para um novo salto estão construídas, solidamente construídas. As prioridades definidas. Os rumos claramente delineados. Os objetivos, evidentes. É a Educação, é a Saúde, é a Segurança, é a geração de empregos, é o incentivo a novos investimentos e ao aumento da produção, é o combate aos desequilíbrios sociais e aos descompassos entre as regiões. Enfim, acima de tudo, sobretudo, o povo, as pessoas. O progresso das pessoas, sua promoção, seu desenvolvimento, sua inclusão neste admirável mundo novo, neste tão injusto mundo novo. Nestes próximos quatro anos vamos radicalizar a política de defesa do meio ambiente. Não é possível mais contemporizar com a destruição.
Vejam, oitenta e dois por cento dos brasileiros moram em nosso litoral. E, segundo especialistas, a prosseguir neste rumo insano o aquecimento global, todo o nosso litoral vê-se ameaçado de inundações. É uma perspectiva apocalíptica. Ainda assim, a irresponsabilidade de meus adversários transformaram em mote de campanha, a licença para a devastação ambiental. Não consideremos, não cederemos à pressões. A vida está acima do lucro. Por fim, não poderia faltar uma palavra sobre comunicação, imprensa, que vou dizê-la mesmo contra o conselho dos que querem “deixar disso”, e para desassossego dos pregadores da cordialidade.O debate sobre o papel da imprensa no processo eleitoral ganhou o país. Pela primeira vez, em tantas décadas, a mídia foi colocada sob suspeita. E criticada, coisa que ela detesta mais que o satanás dá água benta. A militância dos jornalões a favor de uma candidatura só não detectou quem não quis. Caso de má fé cínica ou de ignorância córnea? Optaram sim por um lado, torceram e distorceram por ele e quando isso foi identificado e denunciado, reagiram dizendo que se ameaçava a liberdade de imprensa. Não tiveram a coragem, o desassombro de assumir em editoriais a opção feita, mesmo que a não disfarçassem, mesmo que isso fosse refletido escandalosamente no tom reservado à cobertura de cada um dos candidatos. Fizemos um estudo criterioso, científico, estatisticamente responsável sobre o comportamento da mídia paranaense nas eleições estaduais. Os resultados todos conhecem, pois os divulgamos amplamente. Quando falamos em exclusão social e econômica, quando falamos sobre as desigualdades, os desequilíbrios, os privilégios nunca, ou quase nunca, fazemos referência ao monopólio da informação.Nunca mencionamos o domínio da mídia por determinados interesses e, por conseqüência, o afastamento de suas páginas, de seu vídeo e áudio dos interesses dos dominados, dos apartados, dos segregados, dos discriminados, dos trabalhadores, do povo, enfim.
Que liberdade de imprensa é esta que acolhe sempre a voz dominante, a voz do mercado, dos poderosos? Que liberdade de imprensa é esta que restringe o acesso do povo e de suas manifestações? Que trata e maltrata os trabalhadores, quase sempre com desdém, com o corte da visão de classe senhorial? Que liberdade de imprensa é essa que, quando critica, quando acusa, mesmo que distorcendo os fatos, concede à parte ofendida, quando muito, uma misericordiosa meia linha, para que “o outro lado” se manifeste? É o acepipe cinicamente ofertado antes da execução.
Não tenhamos ilusões, não sejamos ingênuos, não esperemos muito da grande mídia. Ela tem um lado, nós é que não aprendemos isso ainda e ficamos insistindo em um diálogo de surdos. Hoje, apenas seis redes privadas controlam 667 veículos – emissoras de TV, de rádio e jornais diários – atingindo 87 por cento dos domicílios, em 98 por cento dos municípios brasileiros. Há ainda quem ouse dizer que isso não é o monopólio da informação, que isso não é o controle da opinião pública, que isso não é uma verdadeira ditadura do pensamento dominante? É salutar que finalmente o poder da grande mídia comece a ser colocado em xeque e a sua credibilidade como agente formador da opinião pública seja questionada. Mas que comunicação queremos? Queremos uma comunicação de interesse público. Que estimule o debate. Que tenha compromisso com a formação, a educação e a construção da cidadania. Que democratize e produza instrumentos de socialização da informação. Que crie, utilize e valorize espaços de mídia alternativos, como as rádios comunitárias, a internet, os eventos públicos. Queremos uma comunicação que resista à hegemonia dos meios de comunicação de massa e crie referências críticas ao que eles veiculam, que não engulam tudo que os jornais nacionais, que as novelas buscam empurrar goela abaixo do povo. Queremos uma comunicação que busque o envolvimento da sociedade e estimule a sua participação. Queremos uma comunicação de mão dupla, que interaja, que comunique a diversidade de opiniões. Queremos uma comunicação que favoreça a inclusão do maior número de cidadãos no debate político. Nós queremos, enfim, uma comunicação popular, onde mil flores desabrochem e mil correntes de pensamento se rivalizem. Paranaenses estes são os meus compromissos. E diante de minha mulher Maristela, dos meus filhos Maurício e Roberta, do Ricardo, renovo-os. Incluam-me em suas orações, peçam a Deus por mim, para que Ele me ilumine e me faça forte, firme e corajoso na defesa dos interesses do nosso povo.
Ao trabalho, que temos mais quatro anos para consolidar as transformações que iniciamos e dizer ao Brasil que o caminho do Paraná é o caminho da libertação, da independência, da altivez, do compromisso com os interesses nacionais e populares. Afinal temos um lado. O lado da solidariedade, da generosidade. O lado do povo. O lado esquerdo do peito.